Multinacionais
e pequenos empreendedores estão formando parcerias.
O objetivo é combater a pobreza em regiões particularmente
desassistidas do Norte e Nordeste e, principalmente, contribuir
para o desenvolvimento sustentável das regiões.
Esses novos vínculos vão ocupar a força
de trabalho local, movimentar a economia e provocar a inclusão
da população na cadeia de consumo. Mas a opção
pelos pequenos fornecedores pode trazer maiores vantagens
para os grandes: vínculo com o mercado regional, custos
mais baixos, economia com transporte, embalagem, formação
de redes de cooperação.
Num primeiro momento, o custo com a capacitação
desses fornecedores pode demandar tempo, mas as grandes empresas
vão acabar ganhando no médio e longo prazo,
segundo Christiane Stepanek, diretora da divisão de
investimento, tecnologia e desenvolvimento empresarial da
conferência das Nações Unidas sobre o
Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), um dos parceiros
do programa Vínculos Sustentáveis de Negócios
nas Cadeias Produtivas.
Apresentado ontem, no terceiro dia da Conferência do
Instituto Ethos, em São Paulo, o programa tem parceria
com a Fundação Dom Cabral e a GTZ, agência
alemã de cooperação técnica, além
do próprio Instituto Ethos.
Pequenas e médias empresas não faltam no Brasil:
são 99% dos empreendimentos formais, que contribuem
com 26% da massa salarial e 57% dos empregos com carteira
assinada.
A Petrobras e o Sebrae, por meio de seus pequenos empreendedores,
deram a arrancada nessa nova ordem. "Os vínculos
entre multinacionais e pequenas empresas podem ser intermináveis",
diz Eliane Borges, coordenadora de projetos de petróleo
e gás do Sebrae.
O grande entrave para a inclusão das pequenas empresas,
porém, continua sendo o crédito bancário.
O projeto de vínculos sustentáveis nas cadeias
produtivas começou em 2004, quando 40 multinacionais
com plantas em vários Estados do Nordeste se entusiasmaram
com a possibilidade de fazer negócios com as pequenas
empresas locais, a partir de uma idéia do embaixador
Rubens Ricupero, então secretário-geral da Unctad.
A parceria com a GTZ, que já investiu cerca de R$
520 milhões em outros projetos brasileiros, desde os
anos 1970, teve como grande atração o próprio
conceito do projeto: sustentabilidade nos negócios.
"É uma possibilidade real de lucros para todos
os envolvidos", entusiasma-se Doris Thurau, diretora
da GTZ no Brasil. "Treinadas e capacitadas, as pequenas
empresas não apenas fornecem serviços e produtos
para as multinacionais como abrem novos mercados, formam novos
clientes e parcerias."
Para Cláudio Boechat, da Fundação Dom
Cabral, o maior desafio é associar a competição
com a cooperação. "O documento é
propositivo e provocativo", diz. "O vínculo
de negócios deve trazer benefícios para as duas
partes. Não pode ser um projeto de beneficência,
mas um programa que concilia lucro com o bem comum."
Ainda que o apelo social seja a parte mais irresistível
do projeto, Boechat avisa que será necessário
enfrentar desafios, como os custos trabalhistas e tributários.
Silvia Torikachvili
As informações são do site Valor
Online.
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