Apesar da melhora no nível de instrução dos empregados domésticos,
o perfil desse contingente de 1,6 milhão de pessoas nas seis
principais regiões metropolitanas revela que 64% têm menos
de oito anos de estudo e que 61,8% são negros ou pardos, diz
estudo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Em 2002, 71% dos trabalhadores domésticos
tinham menos de oito anos de estudo, percentual que foi caindo
gradualmente até 2006. Entre os domésticos com menor nível
de escolaridade, 44,6% tinham de 4 a 7 anos de estudo, 12,7%
possuíam 1 a 3 anos e 6,6% eram sem instrução.
"O avanço reflete a melhora do nível
de escolaridade da população como um todo, que aumenta a cada
ano, e ao fato de a maioria dos trabalhadores domésticos serem
mulheres, cujo nível de instrução é maior do que o dos homens",
afirmou Kátia Namir, economista da Coordenação de Emprego
e Rendimento do IBGE.
O número médio de anos de estudo dos
domésticos subiu de 5,4 em março de 2002 para 5,9 anos em
igual mês de 2006. A despeito do avanço, ainda está distante
da média de 9,2 anos da população ocupada -o número era de
8,7 em março de 2002. Apesar de o rendimento dos domésticos
representar apenas 35% da renda média dos ocupados, 14,2%
dos trabalhadores desse contingente tinham mais de 11 anos
de estudo (ensino médio completo). Enquanto a renda média
era de R$ 1.006,8 para todas as categorias, os domésticos
ganhavam, em média, R$ 350,5.
Mais baixo, o rendimento médio dos
domésticos sofreu retração menor nos últimos anos. De março
2002 a março de 2006, a renda média dos domésticos caiu 4,7%
-menos do que o recuo de 5,6% do rendimento médio de todos
os trabalhadores. Segundo o IBGE, as mulheres e os negros
e pardos têm presença relativamente maior no contingente dos
domésticos do que no mercado de trabalho e na estrutura da
população apta a se ocupar.
O percentual de empregados domésticos
em relação ao total de ocupados era de 8,1% em março deste
ano -mais do que os 7,7% de 2002. Já entre as mulheres, o
percentual era de 17,5%, sendo a mais expressiva forma de
inserção feminina no mercado de trabalho e a que cresceu mais
desde de 2002. Segundo o IBGE, 94,3% dos empregados domésticas
eram do sexo feminino.
Os pretos e pardos, por sua vez, são
44% das pessoas em idade ativa (10 anos ou mais), contra 55,1%
de brancos.
Jornada menor
A idéia de que a doméstica acorda de manhã e só termina de
trabalhar quando vai dormir não se confirma pelos dados do
IBGE, já que a jornada média dos domésticos (de 37 horas e
36 minutos) é 4 horas e 18 minutos menor do que a média de
todas as formas de inserção no mercado de trabalho -41 horas
e 54 minutos.
Para Kátia Namir, a jornada mais curta
se explica pelo trabalho como diarista, que ganha espaço nas
grandes cidades. Muitos desses profissionais, diz ela, não
se ocupam a semana toda, o que faz cair a jornada média.
O estudo do IBGE revela ainda que
as condições de trabalho são mais precárias entre os empregados
domésticos. A maioria (65,6%) não tinha carteira assinada
-esse percentual é inferior a 30% na média. Em 2002, o percentual
estava em 62,6%.
O contingente de domésticos com carteira
assinada concentrava 34,4% dos trabalhadores domésticos -o
percentual era de 37,4% em março de 2002.
As informações são
da Folha de S.Paulo.
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