Há vagas de emprego, há desempregados. Mas o que deveria ser
um casamento perfeito entre oferta e procura resulta, na maioria
das vezes, em decepção.
A equação do mercado de trabalho em São Paulo tornou-se esquizofrênica
nos últimos anos. Enquanto 17,5% da população economicamente
ativa não tem trabalho formal, agências públicas e sindicais
de intermediação de emprego chegam a ter 60% de suas vagas
não preenchidas.
"Esses números são até mais altos. As vagas não são ocupadas
por três motivos principais: falta de qualificação, baixa
escolaridade e local de moradia", elenca Paulo Pereira da
Silva, presidente do Centro de Solidariedade ao Trabalhador,
da Força Sindical. "E, sem qualificação, não se entra no mercado",
completa, apontando ainda a falta de apoio governamental para
programas de qualificação como um dos empecilhos.
Nos 205 Postos de Atendimento ao Trabalhador, vinculados à
Secretaria de Estado do Emprego e Relações do Trabalho, em
julho, apenas 41% das 27 mil vagas ofertadas foram preenchidas.
No mês de junho, a discrepância não foi diferente: das 30
mil oportunidades, só 45% foram ocupadas. "A maioria dos candidatos
não completou o ensino fundamental e não preenche requisitos
básicos", avalia Isaias Rossi, coordenador de operações dos
Postos de Atendimento ao Trabalhador.
Experiência desejável
As duas maiores agências sindicais de mediação de emprego
-a da CUT e a da Força Sindical- enfrentam a mesma situação.
Mantidas com recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador),
mas sem verbas para promover cursos de capacitação, ambas
não conseguem ocupar mais de 60% das vagas que oferecem.
A empresa Logistech, uma das maiores contratantes do Centro
de Solidariedade ao Trabalhador, afirma encontrar dificuldades
quando o perfil da vaga exige maior qualificação, como para
encarregados e gerentes.
"Enfrentamos esse problema sempre que precisamos de profissionais
com mais experiência ou habilidade", declara o gerente de
gestão de pessoas, Carlos Pivato. Para Antonio Almerico Lima,
diretor de qualificação da Secretaria de Políticas Públicas
e de Emprego do Ministério do Trabalho e Emprego, a gestão
de recursos do FAT foi desgastada, provocando a queda dos
repasses desde 2001. "Propomos agora uma nova forma de aplicação
de verbas. O objetivo não é qualificar à toa, mas resolver
um problema real."
Agência
privada é o canal mais procurado
Confira
1.146 vagas exclusivas para mulheres
ANDRESSA ROVANI
da Folha de S.Paulo
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