Marina
Rosenfeld
especial para o GD
Tem crescido o interesse pelas provas
do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) nas penitenciárias
do país como forma de ingressar no Ensino Superior.
O sistema penitenciário do Distrito Federal, por exemplo,
já registra 198 inscrições para o Enem
– em 2005, foram 145. O Ministério da Educação
enviou mais de 2 mil fichas de inscrição para
penitenciárias, presídios, casas de custódia,
colônias penais e Febem de todo o Brasil.
Dados do Ministério da Justiça apontam que
o país tem hoje 28.795 apenados em processo de educação.
Dentre eles, jovens e adultos que cumprem sentenças
judiciais e que vão concluir o Ensino Médio
em 2006, ou que já concluíram, podem prestar
o Enem como forma de facilitar seu acesso à universidade.
Entretanto, para o coordenador nacional do Enem, Dorivan
Ferreira Gomes, o número de presidiários que
fazem a prova ainda é pequeno devido ao tipo de ensino
aplicado nas penitenciárias. “O ideal seria construir
laboratórios de ensino nos presídios para a
educação a distância. É difícil
o preso ser liberado para estudar”.
Já são vários os casos de presidiários
que conseguem ingressar na universidade. O ex-detento M.,
41 anos, natural de São Luís de Montes Belos,
em Goiás, é hoje estudante do terceiro semestre
de Serviço Social, na Universidade Católica
de Brasília. Ele estudou na cadeia e prestou o Enem
enquanto cumpria pena. Hoje é bolsista (50%) do Programa
Universidade para Todos (ProUni), mas só pôde
cursar a faculdade depois de sair da cadeia.
“A educação me deu a chance de ler um
livro inteiro e entender, além de me fazer conhecer
o valor da liberdade de um homem”, comenta José
Carlos, 31 anos, detento da Casa de Custódia de Palmas,
no Tocantins. Ele cumpre pena há nove anos por tráfico
de drogas e foi alfabetizado no sistema prisional. Sonha,
agora, em entrar no Ensino Superior por meio do Enem.
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