Pessoas
tendem a abandonar o vício em grupos, afirmam cientistas.
Assim que alguém pára, chances de pessoas ao
redor também pararem aumentam.
Fumar pode não ser contagioso, mas parar de fumar com
certeza é. Segundo uma pesquisa divulgada nesta semana,
quando uma pessoa abandona o vício, aumentam as chances
de todos ao seu redor fazerem o mesmo, desde esposos e esposas
a amigos e colegas de trabalho.
Os resultados são surpreendentes. Quando um cônjuge
pára de fumar, as chances do outro continuar fumando
caem 67%. Se um amigo pára, a chance de outro continuar
cai 36%. Se é um colega de trabalho, vai para 34%.
E se é um irmão, 25%.
O trabalho foi publicado no "New England Journal of
Medicine" e realizado por uma dupla de pesquisadores
americanos: Nicholas Christakis, da Escola de Medicina de
Harvard, e James Fowler, da Universidade da Califórnia
em San Diego. Ao todo, os dois analisaram o histórico
de 12.067 americanos ao longo de 32 anos. E concluíram:
as pessoas param de fumar em grupos.
“Descobrimos que grupos inteiros de fumantes interligados
em uma rede social, mesmo aqueles que estão a dois
ou três graus de separação um do outro,
param de fumar mais ou menos ao mesmo tempo”, explicou
Christakis ao G1. “De uma maneira muito fundamental,
esse comportamento lembra o tipo de decisão coletiva
que vemos quando um grupo de pássaros parece decidir
voar para a esquerda ou para a direita ao mesmo tempo.”
Uma das coisas que mais chamou a atenção da
dupla foi a extensão que pode alcançar a decisão
de apenas uma pessoa. “Não há dúvidas
que somos influenciados pelas pessoas a que estamos diretamente
ligados, como esposos, irmãos, colegas de trabalho
e amigos. Mas também descobrimos que as pessoas parecem
ser influenciadas, indiretamente, pelos amigos dos amigos,
e até pelos amigos dos amigos dos amigos”, afirmou
o cientista.
Para Christakis, esse tipo de comportamento pode aumentar
a influência das leis que estão sendo propostas
em muitos países para reduzir o número de fumantes.
“As redes sociais podem aumentar o efeito de legislações
desse tipo”, acredita ele. “Se a lei faz uma pessoa
parar de fumar, ela pode influenciar outras, mesmo aquelas
que não ligavam para a lei”, diz.
Impopularidade
Assim como no Brasil, o número de fumantes nos Estados
Unidos também tem diminuído nos últimos
30 anos. No estudo, os pesquisadores descobriram outro fator
interessante: o tamanho das redes sociais de fumantes continuou
o mesmo ao longo dessas décadas; o que mudou foi a
quantidade dessas redes.
Na prática, eles acreditam, isso aconteceu porque
o cigarro está perdendo cada vez mais o “glamour”
que tinha no passado. Se fumar não atrapalhava em nada
a vida nos anos 70, hoje cada vez mais os fumantes são
jogados para escanteio – para áreas específicas
para eles e muitas vezes para a rua mesmo.
“Ao contrário do que pensávamos na escola,
fumar tem se mostrado uma estratégia incrivelmente
ruim para ganhar popularidade”, disse Fowler.
Marília Juste
Portal G1
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