O
número de jovens desempregados no mundo atingiu o recorde
de 88 milhões em 2003, o que pode estimular o crime
e até o terrorismo em países mais pobres, segundo
a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
No relatório "Tendências globais de emprego
para jovens", divulgado ontem, o organismo aponta que
47,3% dos desempregados, de um total de 186 milhões,
eram jovens entre 15 e 24 anos - apesar de esse grupo representar
apenas 25% da população no mercado de trabalho.
Desse total, 3,5 milhões estão no Brasil- que
responde por 4% do desemprego juvenil global, embora os brasileiros
representem apenas 2,8% da população do mundo.
A OIT usou como base dados estatísticos oficiais.
Segundo o relatório, apesar do aumento global, o desemprego
juvenil nos países ricos está diminuindo, em
compasso com a queda nas taxas de natalidade. Mas em regiões
como o Oriente Médio e a América Latina, a incidência
aumentou, produto de alta natalidade e declínio econômico.
Para piorar, diz a OIT, "o crescimento no número
de jovens está rapidamente superando a capacidade das
economias de dar a eles trabalho". Os jovens já
são um quarto dos que recebem menos de US$ 1 por dia
de trabalho.
É nesse contexto que, segundo a OIT, atividades criminosas
aparecem como única saída. "Há regiões
em que, se você não tem trabalho, não
tem alternativa", disse Dorothea Schmidt, co-autora do
relatório, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo.
"É especialmente nessas regiões que vemos,
ao lado de um aumento no desemprego, um aumento das atividade
ilegais."
Questionada sobre uma possível relação
entre alto desemprego e recrutamento para organizações
terroristas, Schmidt respondeu que "há uma forte
correlação". "Não estamos dizendo
que essa é a única razão, mas, se você
está muito frustrado e desiludido sobre seu futuro,
são grandes as chances de você ser atraído
por alternativas muito ruins."
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