De mãos
dadas e cantando o Hino Nacional, mais de mil empresários
e representantes de classe aprovaram ontem, em São
Paulo, um manifesto de repúdio contra a medida provisória
232, que aumentou impostos para as empresas prestadoras de
serviços.
Endossado por 1.111 entidades, o manifesto inaugurou também
uma campanha empresarial que pretende combater os gastos da
União, diminuir os impostos e aumentar a participação
da sociedade civil nas decisões do governo federal
e do Congresso Nacional.
Os empresários presentes afirmaram que a eleição
do deputado Severino Cavalcanti (PP-PE) para a presidência
da Câmara facilitará a derrubada da MP 232. "Com
uma presidência não alinhada automaticamente
ao governo fica mais factível impedir mais esse aumento
de impostos", afirmou Claudio Vaz, presidente do Ciesp
(Centro das Indústrias do Estado de São Paulo).
Em Brasília, Cavalcanti disse que não deixará
que "pequenos agricultores e empresários sejam
prejudicados pela vontade de tecnocratas". Amanhã,
um grupo de empresários entregará pessoalmente
o manifesto a Cavalcanti e ao novo presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL).
Os mais de mil presentes lotaram ontem pela manhã
um enorme salão e galerias no Clube Esperia, na zona
norte de São Paulo, para protestar contra a MP.
Muitos dos participantes vieram em ônibus fretados,
e a Força Sindical trouxe uma grande claque municiada
com bandeiras da entidade e faixas contra a MP 232.
No palco do salão e após vários discursos,
os empresários fizeram aprovar o manifesto por aclamação,
desfraldaram uma bandeira do Brasil e, ao meio-dia em ponto,
cantaram o Hino Nacional. A atriz Beatriz Segall leu manifesto
de artistas contra a MP.
Paulo Skaf, presidente da Fiesp (Federação
das Indústrias do Estado de São Paulo), afirmou
que sua entidade pretende aproveitar a mobilização
atual para "discutir os gastos do governo e aumentar
a participação da sociedade nas decisões
em Brasília".
Skaf disse que os empresários devem ter participação
no CMN (Conselho Monetário Nacional, formado pelos
ministros da Fazenda e do Planejamento e pelo presidente do
Banco Central), para poderem discutir metas de crescimento
e inflação para o país.
A Fiesp criou um grupo para apresentar, em 60 dias, sugestões
para reduzir os gastos públicos, considerados a principal
razão do que está sendo chamado de "fúria
tributária". "Temos de apresentar soluções
consistentes, e não apenas desabafos", disse Skaf.
Segundo Guilherme Afif Domingos, da ACSP (Associação
Comercial de São Paulo), os empresários querem
transformar a MP 232 em projeto de lei. "Aí, discute-se
o assunto de frente, e não de costas, com a faca no
pescoço."
FERNANDO CANZIAN
da Folha de S. Paulo
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