As pessoas
já usam seus celulares para ler mensagens de e-mail,
tirar fotos e jogar videogames. Talvez não demore muito
para que possam usá-los a fim de substituir suas carteiras.
Ao incorporar ao telefone um chip de computador ou outro
dispositivo de memória, um celular pode funcionar como
cartão de crédito. O chip desempenha a mesma
função que a faixa magnética no verso
do cartão de crédito, armazenando informações
de conta e outros dados necessários à realização
de uma compra.
Na Ásia, os fabricantes de celulares já vendem
aparelhos que os usuários podem usar em leitores de
cartões de crédito ou débito, da mesma
forma que usariam seu cartões Visa ou MasterCard. Há
experiências em curso para introduzir a tecnologia no
mercado da América da Norte, de acordo com executivos
do setor.
Ron Brown, diretor-executivo da Associação
de Dados Infravermelhos, uma organização setorial
que representa as empresas promotoras da tecnologia necessária
a transformar celulares em cartões de crédito,
disse que os novos aparelhos se tornariam uma "forma
importante de pagamento, porque os celulares são o
aparelho eletrônico com maior presença no mundo".
Ele acrescentou, porém, que "o dinheiro em papel
jamais será eliminado de todo".
Os defensores da idéia dizem que os consumidores adotarão
a tecnologia prontamente como forma de pagar até mesmo
por compras de pequeno montante, porque ela é mais
prática do que tirar um cartão de crédito
do bolso ou pagar em dinheiro.
As mudanças iminentes nos celulares vão coincidir
com mudanças também consideráveis que
já estão em curso no setor bancário.
Já que os cartões de crédito continuam
a ser considerados como de certa forma inconvenientes, especialmente
para compras rápidas e de valor baixo, as grandes empresas
de cartões de crédito desenvolveram tecnologias
de "pagamento sem contato" que permitem que consumidores
simplesmente acenem com seus cartões perto de um leitor
eletrônico, no caixa, sem que ele precise ser lido na
máquina e sem que seja necessária uma assinatura.
O casamento entre os celulares e os cartões de crédito
oferece alguns desafios, entre os quais problemas de segurança.
Para reduzir as fraudes com celulares roubados, os usuários
talvez tenham que usar uma senha em seus celulares cada vez
que os empregarem para pagar por uma compra.
Há mais de um ano, os fabricantes de celulares, empresas
de software e produtoras de chips para computadores vêm
trabalhando para desenvolver tecnologia segura e confiável
para pagamento via celular. Depois que o chip do aparelho
é reconhecido pelo leitor eletrônico, o número
da conta do cartão de crédito é confirmado,
como acontece com os sistemas convencionais, e o preço
da compra será acrescido à conta de cartão
de crédito do consumidor.
Os novos celulares também podem oferecer capacidade
de programação que os carregaria com uma soma,
da qual pagamentos poderiam ser deduzidos.
Os celulares estão se tornando instrumentos de pagamento
muito usados na Coréia do Sul e no Japão. No
Japão, a NTT DoCoMO, operadora de telefonia móvel,
informou já ter vendido mais de um milhão de
celulares equipados com chips capazes de exercer funções
de pagamento.
Mais de 13 mil lojas japonesas dispõem de leitores
que se comunicam com celulares. Os aparelhos são usados
principalmente para debitar quantias predefinidas, que os
celulares carregam ao serem ligados a uma máquina semelhante
a um caixa eletrônico.
Na Coréia do Sul, as pessoas já vêm usando
celulares como cartões de crédito, disse Sue
Gordon-Lathrop, vice-presidente de plataformas para produtos
de consumo da Visa International. Ela disse que os consumidores
norte-americanos acabariam por aceitar essas novas funções,
mas que o processo poderia demorar mais do que na Coréia
do Sul e no Japão, onde as pessoas se sentem mais confortáveis
quanto ao uso de celulares multifuncionais.
Ela disse também que havia mais operadores de telefonia
móvel nos EUA, o que dificultaria adotar tecnologia
e práticas padronizadas. Por enquanto, algumas operadoras
americanas vêm monitorando a tecnologia sem se comprometer
com ela. Jim Ryan, vice-presidente sênior da Cingular
Wireless, a maior operadora de telefonia móvel dos
EUA, disse que sua empresa estava "acompanhando de perto"
esse progresso.
As informações são
do The New York Times.
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