SÃO
PAULO - Dos desempregados que conseguiram retornar ao mercado
de trabalho este ano em São Paulo, pouco menos da metade
(49,2%) voltou a ter carteira assinada e 75,4% não
ganham mais do que três salários-mínimos
(R$ 780). Apesar de recém-contratados, 72,6% deles
se dizem inseguros e temem ficar desempregados novamente.
Os dados constam de estudo do economista Márcio Pochmann,
secretário de Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade
da Prefeitura de São Paulo.
"Para os recém-empregados, não está
claro ainda que a recuperação econômica
é estável", observou Pochmann, referindo-se
ao fato de o desemprego ainda ser a principal preocupação
da maioria dos entrevistados.
Em busca desse perfil dos novos ocupados na capital paulista,
o estudo baseia-se em entrevistas com 252 ex-desempregados
que voltaram a trabalhar este ano. A pesquisa mostra ainda
que tem mais sucesso em voltar ao mercado quem está
há menos tempo desempregado: 41,3% dos recém-contratados
estavam desocupados havia menos de seis meses, enquanto 23%
ficaram de sete meses a um ano sem trabalho.
Apesar da remuneração relativamente baixa e
da elevada informalidade, 54,8% das pessoas que voltaram ao
mercado de trabalho cursam, ou já concluíram,
o ensino médio. Dos novos empregados em São
Paulo, 63,1% são mulheres.
Ajuda de parentes e amigos
Essa predominância feminina, observa Pochmann,
pode ser explicada em parte pelo fato de o setor de serviços
— em que há grande presença de mulheres
— ter respondido por metade das novas vagas com carteira
assinada abertas na cidade entre janeiro e junho.
" A recuperação do emprego, que começou
pelo agronegócio e depois alcançou a indústria,
chega agora à área de serviços, setor
forte nas grandes cidades".
De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados
(Caged), do Ministério do Trabalho, metade dos 62.367
novos postos formais de trabalho abertos em São Paulo
no primeiro semestre era no setor de serviços. Os dados
do Caged mostram ainda que dois terços dos novos empregados
da capital paulista tinham entre 18 e 24 anos.
O levantamento revela ainda que recorrer a agências
de empregos não tem ajudado muito a quem busca uma
ocupação. Apenas 7,1% dos recém-contratados
disseram ter retornado ao mercado por esse meio. A maioria,
66,3%, conseguiu emprego por meio de amigos e parentes.
Ronaldo D'Ercole
do jornal O Globo
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