Não se tem notícia
de que alguém tenha levado uma vaia tão monumental
ao discursar no Dia do Trabalho, o momento histórico
coube a Severino Cavalcanti (PP-PE). Como entender essa vaia?
A vaia não foi essencialmente contra Severino, mas
ao que ele simboliza. E o que ele simboliza é o desperdício
de recursos públicos numa nação cada
vez mais conscientes sobre o peso e a ineficiência do
poder público.
O problema de Severino é, digamos, a franqueza; ele
fala o que muitos políticos pensam, pregam a quatro
paredes ou fazem às escondidas. Basta ver alguns dos
"besteiróis" de sua sabatina na Folha. Não
é o único a defender mordomias, troca de favores,
ajuda a parentes.
Talvez ele tenha aprendido, afogado entre as vaias, que o
Brasil das ruas não é o mesmo do Brasil dos
gabinetes oficiais. A vaia torna-se cívica ao alertar
os governantes sobre os avanços da democracia brasileira.
Coluna originalmente publicada na
Folha Online, na editoria Pensata.
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