É uma das decisões
mais polêmicas da história do chamado terceiro
setor, o universo das entidades não lucrativa, no Brasil.
Com apoio de importantes e sérias organizações
(Ethos, por exemplo), a Bolsa de Valores de São Paulo
criou um índice de empresas socialmente responsáveis.
Entre as incluídas estão empresas que fabricam
cigarro.
O critério para a inclusão foi, em essência,
o seguinte: as empresas que fabricam cigarro são legalizadas,
pagam seus impostos, desenvolvem ações comunitárias,
têm programas de valorização dos funcionários,
preocupam-se com o meio ambiente. Logo, ao preencherem esses
requisitos, estariam habilitadas, como qualquer empresa, a
serem classificadas como empresas responsáveis. O que,
claro, olhes dá um status especial.
A questão que se levanta é a seguinte: uma
empresa cujo produto é intrinsecamente irresponsável
[o fumo], que mata, provoca câncer, pode ser chamada
de responsável?
Meu receio é que, por conta do marketing social, estejamos
abrindo espaço para que se arranhe a imagem de uma
idéia valiosa na luta contra a pobreza: a de que a
ação pública deve ser compartilhada e
que, nesse esforço, um parceiro fundamental é
a empresa.
Coluna originalmente publicada na
Folha Online, na editoria Pensata.
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