Guga Stroeter, 45 anos, é um mapa
ambulante dos roteiros alternativos paulistanos. Estudou no
Colégio Equipe na época do regime militar, desbravou as praias
de Ubatuba e do sul da Bahia. Fez psicologia na PUC, mas preferiu
seguir a carreira de músico. Ajudou a formar bandas fora do
circuito comercial e tocou com Caetano Veloso, Milton Nascimento
e Rita Lee.
Abriu casas de shows com espaço para experimentação -dali
se destacou, por exemplo, Chico César. Como era de se esperar
nesse roteiro, o bairro de seus projetos tornou-se a Vila
Madalena. "Até por falta de alternativa", diz.
Desde ontem ele se transformou numa espécie de incubadora
de alternativos. Foi inaugurado um projeto, do qual Guga é
um dos idealizadores, para estimular artistas das mais diversas
formas de expressão, como teatro, música, literatura, artes
plásticas, multimídia e fotografia -todos se revezando, em
diferentes dias da semana, no mesmo espaço em que aprendem,
ensaiam e se apresentam.
"Cada vez mais haverá uma fusão das diferentes artes." A aposta
de Guga e de seus parceiros no projeto -Alexandre Youssef,
ex-coordenador de programas de juventude da prefeitura, e
Maurizio Longobardi, criador do primeiro bar da cidade dedicado
à chamada black music- é que a vida cultural paulistana está
cada vez mais efervescente. Mas faltam palcos para os experimentadores
mostrarem seu trabalho sem custo e, assim, conseguirem visibilidade.
Disso nasceu a proposta desse misto de centro cultural com
incubadora, no qual os artistas escolhidos por uma comissão
fizessem residência. "Queremos levar para lá nomes consagrados
para que compartilhem seu aprendizado."
Durante o dia vão ocorrer os estudos, ensaios e workshops
e, à noite, as apresentações com a bilheteria revertida integralmente
aos artistas.
Como todo projeto desse tipo alternativo, o charme nem sempre
-ou quase nunca- combina com expressões como planejamento
estratégico, "business plan" ou relação custo/benefício. A
experimentação do Studio SP já começa aí -saber se haverá
alternativa para a sobrevivência financeira. "Mas aí é que
está a graça de fazer alguma coisa nova: a surpresa."
Coluna originalmente publicada na
Folha de S.Paulo, na editoria Cotidiano.
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