Não se tinha notícia,
até a sabatina realizada pela Folha com Gilberto Gil,
de um de servidor público em cargo tão alto
como o de ministro reconhecer que ter fumado maconha por tanto
tempo. Só parou, segundo ele, aos 50 anos de idade.
A partir daí, ele defendeu a descriminalização
da droga. Talvez ele choque muita gente, mas ele está
propondo o que deve ser proposto: quem usa drogas não
é delinquente, mas, se for o caso, paciente.
O papel do Estado é, de um lado, punir o traficante,
mas, de outro, ajudar o consumidor para evitar que seja dependente.
É a posição do ministro e das pessoas
sensatas do país, preocupadas com a saúde pública.
Muita gente vai gritar, dizer que o ministro está dando
mau exemplo, que a liberalização ajudaria a
disseminação das drogas. Ocorre que, nesse campo,
o melhor que se consegue (infelizmente) é reduzir o
dano.
Há também uma hipocrisia óbvia: no país
em que fabricante de cigarro consegue selo de responsabilidade
social (e até patrocina eventos do terceiro setor),
fica meio ridículo demonizar a maconha, cujos efeitos
para a saúde pública são infinitamente
menores do que os do cigarro.
Coluna originalmente publicada
na Folha Online, na editoria Pensata.
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