Para a imensa maioria dos jovens
das grandes cidades brasileiras o governo Lula é, na
melhor das hipóteses, uma frustração.
Na pior, uma decepção. Maioria significa aqui
estratosféricos 74% dos entrevistados. Como o PT vai
lidar com esse segmento populacional nas próximas eleições
é, por enquanto, uma incógnita.
A visão dos jovens sobre o atual governo está
expressa numa pesquisa realizada pela MTV em parceria com
o DataFolha, focada em jovens de 15 a 30 anos, nas classes
A, B e C, de algumas das maiores cidades do país. Resultado:
48% acham que a chegada do PT não mudou nada; 26% dizem
que mudou para pior.
O PT e Lula são apenas um detalhe, afinal são
passageiros no poder. A pergunta mais grave é outra:
como construir uma democracia quando a elite não acredita
nos partidos e nos políticos e acha que a rotatividade
do poder não melhora os costumes?
Triste que, depois de tanta gente ter lutado por tanto tempo
pelo princípio da rotatividade do poder, os mais jovens
já não valorizem esse princípio basilar
da democracia. De quem é a culpa?
De muitos, em minha opinião: das escolas e das famílias
que não ensinam sobre a importância da democracia
em casa e nas salas de aulas; dos governantes e políticos
que insistem nas piores práticas, das quais Severino
Cavalcanti é um símbolo acabado. E até
da mídia que, muitas vezes, tem dificuldade de apontar
os avanços que se conseguiram no país.
Coluna originalmente publicada na
Folha Online, na editoria Pensata.
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