Não tenho ilusões
em relação ao referendo sobre a proibição
de armas. Tirar armas é apenas uma entre várias
ações necessárias ao combate à
violência. As experiências bem-sucedidas que conheci
levam em conta inúmeros fatores como policiamento comunitário,
melhoria da educação, geração
de renda para adolescentes, tratamento de dependência
de drogas, e por aí vai.
Mas a vitória do "sim" significa a vitória
de um movimento que, embora possa se iludir, está mobilizando
boa parte do país para um projeto de nação
em que as pessoas de bem não precisem se armar. Mais,
significa também que a sociedade se sentirá
ainda mais impulsionada a exigir melhores programas de inclusão,
aperfeiçoamento do sistema Judiciário e, sobretudo,
redução da impunidade. Significa, portanto,
que a polícia terá de desenvolver melhor repressão
e prevenção mais efetiva; são abundantes
os casos de policiamento comunitário que funcionam
bem.
A vitória do "não" significa também
uma ilusão -- a ilusão de que as pessoas estarão
protegidas de assaltantes usando armas.
Coluna originalmente publicada na
Folha Online, na editoria Pensata.
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