É aguardado para qualquer momento
o pedido de renúncia de Severino Cavalcanti que, neste momento,
torna-se um grande professor da realidade brasileira.
No seu desastre, ele ensina sobre como o país amadureceu a
tal ponto que já não suporta esse tipo de gente desqualificada
ostentando tanto poder. Ele se imaginou governando não em
Brasília, mas em sua cidade no interior do Nordeste, onde
cumplicidades são compradas.
Ele ensina que deputados e senadores podem eleger um Severino,
motivados pelos piores motivos, mas depois são obrigados a
bater em retirada. Lembre-se que, se de um lado ele se beneficiou
do baixo clero, também ganhou preciosos votos do PSDB. Os
tucanos podem dizer que não sabiam da bandalheira, mas sabiam
da agenda corporativista do Severino. Todos, nesse episódios,
saem arranhados.
Ensina também como um governo consegue ser desastrado. A vitória
de Severino é muito mais fruto das trapalhadas de Lula e de
seus assessores do que das habilidades do deputado.
A melhor lição é a de que Severino, no seu pragmatismo rasteiro,
pode até ser um pedaço da mentalidade brasileira, mas tem
cada vez mais dificuldade de se impor. É por isso que Maluf
e seu filho Flávio estão presos, que Lula terá dificuldade
em se reeleger, e que ninguém sabe se o PT conseguirá se recuperar.
Só os desinformados acham que todas essas aulas são motivo
de pessimismo. São motivo de comemoração de um novo país que
vai surgindo.
Coluna originalmente publicada na
Folha Online, na editoria Pensata.
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