Severino Cavalcanti é mais do
que Severino Cavalcanti. Ele simboliza a figura do político
cujos interesses pessoais estão distantes dos interesses públicos.
Não se pode dizer ainda se é verdade ou não que ele tenha
recebido propina para manter um restaurante na Câmara. E ninguém
tem o direito de puni-lo nem condená-lo enquanto o caso não
for esclarecido. Uma regra de ouro da democracia é que as
piores pessoas merecem a presunção da inocência.
Mas como Severino virou um símbolo --isso graças às suas defesas
de favores a amigos suspeitos e de aumentos de salários a
seus colegas-- a opinião pública, justa ou injustamente, já
o condenou.
A lição é a seguinte: se existe o Brasil Severino, aquele
das mamatas, dos favores, existe o Brasil anti-Severino, que
está cansado de pagar tanto para o poder público e receber
tão pouco de volta. Para esse país, ele pode se explicar à
vontade, mas nunca será respeitado.
Severino custa caro. Sua mais recente obra foi ajudar a derrubar
veto que impedia aumento dos funcionário da Câmara e no Senado.
O que custou R$ 600 milhões.
Coluna originalmente publicada na
Folha Online, na editoria Pensata.
|