É cada vez mais visível o fenômeno
de adultos, que receberam educação de qualidade em escolas
universidades de elite, ainda vivendo com os pais. É o que
psicólogos chamam como parte do que se batizou de "adultescência".
A "adultescência" acaba de ganhar uma estatística sombria,
feita pelo Dieese:
o jovens das famílias mais ricas têm dificuldade de encontrar
emprego. A taxa de desemprego, nesse segmento, é de 22%, que
é maior do que a média nacional.
Não sei quantos sinais são socialmente mais graves do que
esse: afinal, são jovens que receberam educação de qualidade,
aula particular, apoio de psicólogos, viajaram, foram a museus,
cinemas, teatros. Isso sugere que a sociedade está mais e
mais exigente, aumentando seus filtros.
Mostra também que os jovens mais pobres, que são a
imensa maioria, sem tantos apoios, tendem sofrer ainda mais
restrições. É o que se vê na estatística do Dieese: entre
os jovens de 16 a 24 mais pobres o desemprego, nas regiões
metropolitanas, se aproxima dos 70%.
Daí se avalia o tamanho dessa bomba social.
Coluna originalmente publicada na
Folha Online, na editoria Pensata.
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