Uma das prioridades da Pinacoteca
do Estado de São Paulo é a ampliação
das ações educativas voltadas à compreensão
das obras de seu acervo, tornando-o cada vez mais acessível
aos diferentes públicos. Neste esforço se insere
o Programa de Inclusão Sociocultural da Área
de Ação Educativa da Pinacoteca, que visa uma
maior variedade e abrangência do público visitante
do museu, e ao mesmo tempo busca sistematizar processos que
democratizem o acesso à Pinacoteca e à sua coleção,
e por extensão, à arte. Este Programa visa,
assim, promover o acesso aos bens culturais presentes no museu
a grupos socialmente marginalizados com pouco ou nenhum contato
com instituições culturais, na intenção
de contribuir para a promoção de mudanças
qualitativas no cotidiano desses grupos e ainda para a formação
de novos públicos.
Objetivos gerais do Programa de Inclusão Sociocultural
- diversificar o perfil de visitantes da Pinacoteca e promover
o acesso qualificado aos bens culturais presentes na Pinacoteca
a uma camada da população desprovida do contato
com instituições culturais;
- inserir os participantes no universo do museu, ressaltando
suas potencialidades educativas e de exercício da cidadania;
- desenvolver o universo cultural dos participantes, ampliando
seu repertório e suas noções de pertencimento
cultural;
- promover a aquisição e manejo de conhecimentos
e habilidades, que podem ser cognitivos, emocionais ou vivenciais;
- desenvolver a percepção estética e
a alfabetização visual dos grupos, subsídio
tanto para suas possíveis criações, quanto
para o fortalecimento de sua capacidade crítica;
- promover processos de diálogo que estimulem a autoconfiança
dos participantes;
- promover a formação de multiplicadores em
inclusão sociocultural a partir das experiências
educativas realizadas na Pinacoteca.
Público-alvo
Atualmente o Programa atende a uma ampla variedade de grupos,
como cooperativas e grupos de artesãos, grupos em situação
de rua, moradores de cortiços, jovens de setores populares
participantes de projetos socioeducativos, grupos de mulheres
vítimas ou em risco de violência doméstica,
entre outros.
Procedimentos de trabalho
O processo de trabalho se dá por meio do estabelecimento
de parcerias com instituições idôneas,
públicas ou privadas, que realizem trabalhos socioeducativos
com os públicos-alvo do Programa. A partir destas parcerias,
o Programa planeja - em conjunto com as instituições
parceiras - uma série de encontros e atividades que
venham a responder às demandas de cada grupo e se some
àquelas já desenvolvidas pelas instituições
de origem. Percebe-se, então, que as ações
desenvolvidas pelo museu se concretizam no compartilhamento
de um esforço coletivo e continuado rumo à reinserção
social dos grupos marginalizados.
Curso de capacitação “Ações
multiplicadoras: o museu e a inclusão sociocultural”
Em 2005, a parceria entre o IMPAES – Instituto Minidi
Pedroso de Arte e Educação Social – e
o Programa de Inclusão Sociocultural promove iniciativas
de capacitação voltadas para educadores e profissionais
atuantes em organizações sociais que desenvolvam
programas socioeducativos. A iniciativa busca dar subsídios
para a elaboração, execução e
avaliação de projetos educativos voltados à
inclusão sociocultural dos grupos com os quais esses
profissionais trabalham, além de potencializar sua
atuação baseando-se nas práticas desenvolvidas
pela Área de Ação Educativa da Pinacoteca
a partir das obras de seu acervo. A capacitação
tem como objetivo final a elaboração de um projeto
educativo por cada profissional participante, com a possibilidade
de acompanhamento de seu desenvolvimento por um semestre,
pelos profissionais do programa.
Resultados alcançados
Durante seus 3 anos de atuação, o Programa de
Inclusão Sociocultural vêm sistematizando experiências
de inclusão junto aos grupos atendidos, podendo apontar
como principais resultados alcançados, comuns a vários
grupos atendidos, os seguintes:
• desenvolvimento de uma atitude mais especulativa e
reflexiva em relação às imagens, inclusive
as de autoria do próprio grupo;
• geração de um vínculo afetivo
com o museu e com o universo da cultura nele exposta;
• aumento da autoconfiança para emitir opiniões
pessoais e expressar-se e melhor compreensão a respeito
de suas práticas nas instituições de
origem.
Apresentação de exemplos
A título de exemplo das ações já
realizadas, podemos citar a parceria desenvolvida com o CEEP
– Centro de Educação, Estudos e Pesquisas,
atuante junto a grupos em situação de rua na
Oficina Boracéa, um albergue da região central
que promove formação profissional de jovens
e adultos, por meio de cursos de pintura de paredes, costura,
jardinagem e azulejaria, motivando-os para a recuperação
da escolaridade. A parceria teve como meta despertar a percepção
e a análise estética, contribuindo com o processo
produtivo e criativo dos grupos atendidos (ver fotos em arquivo
anexo).
Outro exemplo é o trabalho que vem se desenvolvendo
junto ao “Projeto vídeo: cultura e trabalho”,
organizado pelo Centro de Juventude e Educação
Continuada da ONG Ação Educativa, Assessoria,
Pesquisa e Informação. Este trabalho propõe
o desenvolvimento de competências por parte do grupo
de jovens em situação de vulnerabilidade participante
deste projeto, mais especificamente aquelas que se referem
ao desenvolvimento da capacidade de análise crítica
de linguagens artísticas e ao acesso a informações
que podem contribuir para a qualificação e dinamização
de sua produção cultural. Isto se dá
pelo desenvolvimento de ações conjuntas voltadas
para a ampliação do repertório do grupo
e sua construção de capacidades, o que ocorre
com a organização de atividades e visitas ao
museu que subsidiam e se relacionam com o trabalho desenvolvido
em sala de aula (ver fotos em arquivo anexo).
Números de atendimentos
Desde o segundo semestre de 2002, quando os atendimentos do
PISC tiveram início, já foram atendidas 1.207
pessoas, ligadas a 22 diferentes organizações
sociais, tais como ONGs e outros serviços de assistência
social voltadas ao trabalho com grupos em situação
de rua, profissionais do sexo, dependentes químicos,
moradores de cortiços e ocupações, catadores
de resíduos sólidos, grupos de artesãos
e jovens e crianças em situação de risco
social.
Do total de 83 atendimentos já realizados pelo Programa,
60 o foram na Pinacoteca e os outros 23 nas organizações
de origem dos grupos.
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