O principal
valor desse Idesp é ajudar a tirar a educação
apenas da mão dos educadores. Até agora, a escola
pública é um assunto essencialmente dos burocratas,
dos pedagogos, dos professores e dos sindicatos, numa aliança
que, muitas vezes, tem assegurado o pacto da mediocridade.
O cidadão comum terá uma arma nas mãos
para pressionar o poder público.
O novo índice reafirma, com maiores requintes metodológicos,
o que todos sabemos: a qualidade sofrível da rede de
ensino na região mais rica do país. A novidade
é o estabelecimento de metas de longo prazo (até
2030) para cada escola. Os resultados servirão para
aprimorar diagnóstico, concentrar esforços,
além de estabelecer remuneração diferenciada.
Jamais se conseguirá atingir metas de longo prazo sem
pressão contínua da opinião pública
-e sem que pais e mães conheçam os números
das escolas de seus filhos, podendo compará-los com
o desempenho dos demais colégios do bairro e da cidade.
Isso vai significar uma busca pelas escolas com melhor desempenho.
Como são poucas as que estão no topo da lista,
é inevitável a maior pressão contra os
governantes para melhorar o nível de ensino.
Haverá até mesmo pressões ao ensino particular.
Esse tipo de lista mostra que, em alguns casos (não
muitos, diga-se), é melhor matricular a criança
na rede pública; além de economizar dinheiro,
aprende-se mais.
Nessas comparações, o cidadão vai aprender,
aos poucos, como uma boa diretora faz a diferença e
como professores engajados e criativos, interessados nos alunos,
são capazes de atingir bons resultados, mesmo em situações
adversas. Será possível medir como a participação
dos pais e da comunidade invariavelmente acompanha as boas
notas. Também se vai descobrir o custo das interrupções
de políticas públicas e de muito investimento
em prédio e pouco em formação de capital
humano. Meta de longo prazo implica necessariamente fiscalização
de longo prazo, a exemplo do que ocorre, por exemplo, com
as oscilações da balança comercial ou
da inflação.
Chama a atenção, no Idesp, assim como em demais
indicadores, o fato de que escolas próximas geograficamente,
lidando com estudantes de nível socioeconômico
semelhante, conseguem demonstrar desempenho tão diferente.
Algumas estão com um pé, sem exagero, na Europa;
mas a maioria está na África.
Há uma chance desse tipo de índice, atrelando
os rendimentos dos docentes e dos funcionários, ao
desempenho dos alunos, inverter o pacto da mediocridade -os
pais tratariam de apoiar os bons professores que, por sua
vez, tratariam de estimular os pais na educação
de seus filhos.
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