Uma experiência
iniciada neste mês por um dos mais renomados colégios
brasileiros (Santa Cruz), em São Paulo, tenta desenvolver
nos estudantes habilidades profissionais e ao mesmo tempo
fazer a diferença na sua cidade. É a experiência
dos jovens mestres.
Na condição de auxiliares de professores, um
grupo de 19 adolescentes do ensino médio daquele colégio
começou a dar aulas numa escola pública, preparados
por orientadores que ensinam a lidar com as mais diferentes
questões: do funcionamento de uma rede oficial de ensino
até didática, com todas as suas carências,
passando pelo conhecimento de indicadores de aprendizado.
Assim vão aprender a observar números para montarem
sistemas de avaliação --daí que o nome
do programa é "gestão comunitária".
Não é, portanto, uma intervenção
pontual. Os estudantes são convidados a empreender
um mergulho de um ano e, na adversidade, tocarem um projeto.
Serão assim obrigados a se orientarem por metas, aprendendo
a trabalhar em equipe.
É um choque de realidade, exigindo que se lide com
escassez de recursos e abundância de problemas --ou
seja, um teste para formação precoce de qualquer
indivíduo que deseje ocupar, no futuro, alcançar
cargos de decisão. Mas o que importa é saber
até que ponto eles conseguem mudar a realidade, usando
os talentos de gestão do conhecimento.
Já ouvi um político propor um projeto de lei
(e todos riam porque acharam a proposta um delírio)
para que todos os homens públicos eleitos fossem obrigados
a dar uma única aula por ano numa escola pública.
Argumentou que isso melhoraria rapidamente a educação.
A idéia nem foi para o papel.
Os jovens mestres talvez, quem sabe, estejam ensinado a elite
adulta a mudar o país mudando a educação,
atuando dentro das escolas.
Coluna originalmente publicada na Folha Online,
editoria Pensata.
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