Goste-se
ou não do PSDB, do governador José Serra ou
até de São Paulo, é impossível
deixar de reconhecer que Maria Helena Guimarães é,
na atualidade, a maior estrela da educação brasileira
-- é o que fica nítido na entrevista
que concedeu à Folha, que acaba
de ser publicada. Se essa estrela vai acertar ou fracassar,
ainda teremos de esperar.
Até pouco tempo atrás, ela era mais conhecida
de especialistas por ter organizado os bancos de dados do
Ministério da Educação e implementado
sistemas de avaliação do ensino. Seus passos
mais ousados, entretanto, aparecem agora, como detalhou em
entrevista à Folha, ao tomar algumas posições
polêmicas à frente da Secretaria Estadual da
Educação paulista.
Ela abriu várias frentes de atritos e se expôs
ao desgaste: 1) enfrenta os sindicatos, ao decidir premiar
os professores segundo a produtividade dos alunos e atacar
o absenteísmo; 2) critica as faculdades de educação,
mesmo as mais conceituadas, por não formar bons professores
para a rede pública e mexe com a suscetibilidade acadêmica;
3) desafia diretores e professores, ao criar um currículo
básico, sobre o qual são estabelecidas metas
de aprendizagem; 4) não poupa nem mesmo a administração
educacional do seu próprio partido, o PSDB; 5) enfim,
defende a idéia de que escola não é só
sala de aula, exigindo que sejam feitas articulações
com a comunidade, abrindo-se à gestão compartilhada.
Os holofotes se voltam para Maria Helena Guimarães
não apenas pela polêmica em torno de suas propostas
mas também pela força da rede pública
da educação paulista --são 5.530 mil
escolas, com 200 mil docentes e mais de 5 milhões de
alunos.
O que der certo em São Paulo dará certo em
qualquer lugar do Brasil. O problema é que dar certo
exige tempo, dinheiro, paciência e apoio político.
Por enquanto, há pouco a comemorar: a qualidade do
ensino de São Paulo pode até ser boa em comparação
a outras regiões brasileiras, mas ainda é péssima.
Link relacionado:
Autonomia
ou anarquia?
Coluna originalmente
publicada na Folha Online, editoria Pensata.
|