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Acordar ao som da cachoeira, admirar
a paisagem da represa abundante e viver reclamando de falta
d’água. “É difícil para a
gente, principalmente para quem tem criança pequena”,
diz dona Patrícia. “Na escola tem aula só
meio período porque não tem água”,
completa.
Resolver o drama vivido pelos 3 mil
moradores do Jardim Pretória, em Franco da Rocha, é
o objetivo de uma das equipes de estudantes que se inscreveu
no Projeto Soluções, da Rede Globo. Eles são
curiosos, querem saber porque se lava tanta roupa de uma vez
só... logo descobrem que, por causa da falta d’água,
o serviço acumula.
O bairro, que surgiu de uma invasão
em terras do Estado, tem um reservatório da Sabesp,
mas em um levantamento os estudantes descobriram que as ligações
são clandestinas.
Muitas famílias não
têm condições de instalar caixa d’água
e improvisam. Em uma das casas, a água é armazenada
em um tambor e, na hora de se tomar banho, pega-se a água
com uma caneca e enche-se a lata, que está até
preta de tantas vezes que foi para o fogo. Depois de fervida,
o pessoal vai para o banheiro apertado e despeja a água
no corpo. Com o frio que anda fazendo ultimamente, dona Leonice
já pegou oiro pneumonias.
O desafio é enorme. Mas qual
seria a solução? “Nós vimos que
o problema maior da população é abastecimento.
Nós iremos nos juntar para trabalhar essa questão.
Mas não só isso: queremos saber também
como essas pessoas poderão fazer uso racional da água
quando o abastecimento estiver regularizado. Junto a isso
teremos uma campanha educativa”, explica Sílvio
Luiz Placidino, estudante.
De volta às faculdades Oswaldo
Cruz, na Barra Funda, os estudantes se reuniram hoje para
definir detalhes do projeto. É nessa hora que Nelson
César Boneto, professor de gestão ambiental,
entra em cena. “Um vem com a questão de esgoto,
outro com água, se vai ser abastecido pela Sabesp.
Vamos tentar chegar a um denominador em que todas as idéias
convergem para o uso racional da água”, avalia.
Você reparou? São os
estudantes quebrando a cabeça pra encontrar a solução
de uma drama que nem as autoridades tem conseguido resolver.
É um desafio. Esse é o espírito do projeto
soluções, sem dúvida, um chafariz de
grandes idéias. E não é de hoje que este
grupo se dedica ao problema da água.
Juliana de Carvalho Izidoro, 21 anos,
a mais jovem da equipe, desenvolveu em laboratório
um pó que remove metais pesados da água, como
zinco e cádmio. O pó, chamado zeólita,
é feito com a cinza do carvão e pode ajudar
no tratamento de efluentes industriais. Esse experimento garantiu
à Juliana o segundo lugar no prêmio Jovem Cientista
2003 na categoria estudantes. “Nós temos que
nos preocupar muito, porque esse problema não afeta
só Franco da Rocha, mas várias comunidades da
região metropolitana de São Paulo”, diz
ela.
Com a certeza de que podem contribuir
como cidadãos, os estudantes se inscreveram agora à
pouco, no projeto soluções, pela internet. Se
você tem outras boas idéias, também pode
se inscrever até o dia 18. O projeto vencedor ganha
10 mil reais, mas o maior prêmio mesmo vai ser colaborar
para que São Paulo tenha um futuro melhor. Estudantes
de todas as universidades da Grande São Paulo podem
participar.
As informações são
do site Globo.com.
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