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A ineficiência do poder público
gerou, em volta da baía, iniciativas individuais que
aliam simplicidade, no caso do professor aposentado João
Moreira Portes, a criatividade, no caso do desenhista de arquitetura
e comerciante Célio de Oliveira.
Portes, 79, recolhe, todos os dias, o lixo que a maré
joga na areia da praia do Gragoatá, em Niterói
(cidade a 15 km do Rio).
No fundo da baía, em Piedade (Magé, a 60 km
da capital), Oliveira, 50, constrói casas com garrafas
plásticas que chegam às centenas aos manguezais
e praias do lugar.
Morador do Gragoatá há 30 anos, Portes se habituou
a, diariamente, nadar 40 minutos em meio aos detritos que
bóiam na baía. Diz ser imune a doenças
da poluição. "Criei anticorpos." Após
o exercício, com uma vassoura, junta o lixo espalhado
pela areia, depois recolhido por garis.
"Gosto de praia limpa", disse. Ele evita responsabilizar
as autoridades pela poluição na baía.
"É a natureza. Ninguém tem culpa."
Figura famosa na praia da Piedade, Oliveira já construiu
uma casa e uma sorveteria com garrafas de dois litros. A casa,
de três cômodos, têm as paredes formadas
por 10 mil garrafas, todas trazidas pelo mar. Ao lado, construiu
a sorveteria com 4.800 garrafas.
Piedade é uma praia bucólica, com manguezais
a perder de vista. Está dentro da Área de Proteção
Ambiental de Guapimirim, espécie de santuário
ecológico da baía, o último resquício
de natureza em uma região degradada.
Oliveira mostrou à população o valor
das garrafas plásticas. Antes da casa, o quilo valia
R$ 0,15. Hoje, saltou para R$ 0,60. Adultos e crianças
percorrem o litoral e ilhas recolhendo garrafas para reforçar
o orçamento familiar.
As informações são
da Folha de S.Paulo.
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