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Embora
a falta de qualificação profissional seja a
principal barreira de entrada aos portadores de deficiência
no mercado de trabalho, há bons exemplos de superação.
O grupo educacional Bom Jesus montou uma empresa – a
Valor Brasil, com sede em Campo Largo, na Grande Curitiba
– em que 85% dos funcionários são portadores
de deficiência mental. A Valor Brasil tem 13 empregados.
Onze são excepcionais. Eles fabricam produtos como
capas de computadores, aventais, camisetas, embalagem, porta-lixo
para carros e uma série de outras mercadorias.
"A empresa tem fins lucrativos",
garante a idealizadora da empresa, a administradora Neide
Uberna. "Queremos criar um modelo para mostrar que eles
(as pessoas especiais) podem realizar atividades produtivas."
Segundo Neide, a Valor Brasil foi criada há um ano,
quando o grupo percebeu que os alunos da escola especial que
o Bom Jesus mantinha em Campo Largo entravam na instituição,
mas não saíam mais, por falta de oportunidades
de trabalho. "Eles entravam com 7 anos e com 30 ainda
continuavam lá dentro", afirma Neide. Com a Valor
Brasil, os estudantes com mais de 21 anos agora vêm
sendo aproveitados no trabalho produtivo.
Há outros bons exemplos. O
Supermercado Angeloni de Curitiba decidiu não esperar
por profissionais completamente preparados para o mercado
de trabalho. Contrata trabalhadores com deficiência
mental para cargos como o de empacotador. E investe em um
contínuo programa de treinamento desses empregados,
após a contratação. "Eles não
vêm prontos", afirma a psicóloga organizacional
Gisele Petrus, do Angeloni.
A psicóloga afirma que muitas
vezes é preciso ir além das orientações
básicas para o desempenho da atividade. Funcionários
do supermercado chegam a ensiná-los a respeito de atitudes
cotidianas extremamente simples, tais como pegar o ônibus
sozinho ou se comportar no refeitório. "O dia-a-dia
é uma batalha", afirma Gisele.
A prática, porém, tem
demonstrado que a aposta do supermercado traz resultados positivos.
Os funcionáros com deficiência ganham auto-estima,
aprendem a trabalhar com dinheiro, a ter responsabilidade,
ampliam o convívio social e até mesmo melhoram
a expressão verbal. O contato com os empregados especiais
também tem trazido benefícios para os outros
colegas. De acordo com Gisele, todos os funcionários
do supermercado crescem como pessoas e vencem o preconceito
em relação às pessoas diferentes. "A
gente até esquece que eles são especiais."
As informações são
do jornal Gazeta do Povo - PR.
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