Taxa
de 77,4% de alunos que avançaram de série em
2005 é a mais baixa já analisada pelo Tribunal
de Contas desde 1997
Governo diz que a queda na aprovação foi
reflexo do aumento de alunos matriculados, que antes não
cursavam o ensino médio
Ano a ano, menos estudantes do ensino médio estadual
de São Paulo, o antigo colegial, conseguem avançar
para a série seguinte. Dados da Secretaria da Educação
mostram que 2005 foi o ano em que houve a menor taxa de aprovação
nesse nível de ensino desde 1997.
As informações foram enviadas pela pasta ao
TCE (Tribunal de Contas do Estado), que, além dos gastos
do governo, avalia seus indicadores de gestão -1997
foi o primeiro ano que o órgão analisou a aprovação
escolar. Desde então, a taxa só melhorou em
1998 e 2001.
Segundo o relatório, no ano passado, 77,4% dos alunos
avançaram de série; em 1997, eram 83,6%. Em
2004, o índice foi de 78,3%. Considerando que em 2005
a rede estadual possuía 1,6 milhão de alunos
matriculados, isso significa que quase 365 mil secundaristas
não foram aprovados em 2005.
Diferentemente do ensino fundamental (antigo primário
e ginásio) nas escolas estaduais, na educação
média o aluno pode ser retido em qualquer série.
Motivos
Educadores ouvidos pela Folha têm explicações
diferentes para a queda. Uma parte culpa a progressão
continuada no ensino fundamental, aliada a uma má qualidade
de ensino; a outra aponta a possibilidade de ter havido uma
mudança de orientação do governo estadual.
"Com a política de ciclos, o aluno vai sendo empurrado,
carregando dificuldades", diz a psicóloga e coordenadora
do curso de pedagogia da Unicamp, Ângela Soligo. No
sistema de ciclos, o estudante só pode ser reprovado
na quarta ou na oitava série do fundamental.
Opinião parecida tem a presidente em exercício
da Apeoesp (associação dos professores da rede
estadual), Maria Izabel Azevedo Noronha. "Além
disso, o ensino médio não tem identidade. O
aluno não vê estímulo para estudar."
Já Dagmar Zibas, pesquisadora da Fundação
Carlos Chagas, aponta outra possibilidade. "Pode ser
que tenha havido uma mudança de indicação
da secretaria. Me parece que antes a intenção
era aprovar o maior número possível de alunos,
para melhorar os índices."
A assessoria de imprensa do TCE disse que o órgão
não comentaria os dados. As informações
sobre a aprovação foram retiradas do relatório
de contas anuais da administração estadual,
exercício 2005, quando o governador do Estado era Geraldo
Alckmin (PSDB).
Outro lado
A queda na aprovação no ensino médio
é reflexo do aumento no número de jovens que
chegam e permanecem nesse nível. Ou seja, alunos que
antes deixavam a escola, agora seguem os estudos, mas têm
dificuldades. Essa é a explicação dada
pela diretora do centro de informações educacionais
da Secretaria da Educação, Maria Nicia de Castro,
que respondeu em nome do governo Cláudio Lembo (PFL).
Citando dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios),
Castro destaca que, em 1999, 49,9% dos jovens de 15 a 17 anos
cursavam o ensino médio; tal percentual subiu para
67,4% em 2004. "É impossível que, com esse
grande aumento, também não houvesse um aumento
na reprovação."
Isso porque esses novos alunos, diz Castro, já vinham
com dificuldades, pois boa parte estava fora da idade ideal
para cursar o ensino médio.
Fábio Takahashi
As informações são da Folha de
S.Paulo.
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