Proliferação
de MBAs, que incluem também opções como
moda, luxo ou gestão de ONG, chega a confundir os alunos
É preciso que o estudante desconfie dos processos
seletivos fáceis, recomenda entidade do setor, que
vê "banalização" de cursos
A proliferação de MBAs e outros cursos de especialização
divide opiniões e causa confusão em estudantes.
Há, por exemplo, MBAs em moda, luxo ou gestão
de ONGs. Os cursos de especialização abrangem
um leque ainda mais diversificado. A Fundação
Educacional Muzambinho (MG) oferece pós-graduação
em musculação e "personal training".
A Universidade Veiga de Almeida, no Rio, tem pós em
Carnaval. Na Universidade Norte do Paraná, há
pós-graduação em futebol de salão.
Para Luca Borroni-Biancastelli, secretário-executivo
da Anamba (Associação Nacional de MBA), cabe
ao aluno separar o joio do trigo. Ele explica que a associação
surgiu para estabelecer padrões mínimos de qualidade
e entender o que pode ser definido como MBA.
"A marca passou por um processo de banalização.
Se não for uma escola de gestão que ensine finanças
e administração de recursos humanos, não
faz sentido chamar de MBA", diz.
Para Borroni-Biancastelli, um MBA ruim pode atrapalhar em
vez de ajudar na disputa por um emprego. "Empresas sofisticadas
não aceitam candidatos com um MBA ruim no currículo
porque percebem que ele escolheu um curso de quinta categoria
e não se deu conta."
Uma das dicas que ele dá para o estudante é
desconfiar de MBAs em que o processo de seleção
seja muito fácil. "Uma boa seleção
dos candidatos é um sintoma de qualidade da escola",
afirma.
Gestão de negócios
A diretora de pós-graduação e pesquisas
do Centro Universitário Senac, em São Paulo,
Flávia Feitosa, concorda que o título de MBA
passou por um processo de abuso nos últimos dez anos,
mas defende o MBA em moda da instituição e a
especialização em gastronomia.
"O mercado da moda é um dos maiores do mundo.
Não é um curso sobre questões fúteis",
disse. "Tem foco na gestão de negócios;
por isso chamamos de MBA."
Sobre a pós em gastronomia, ela argumenta que é
um curso que atende a uma demanda crescente pela sofisticação
dos serviços de gastronomia na cidade de São
Paulo.
Em meio a tantas opções, o publicitário
Alexandre Martini Costa, 30, diz que é comum as pessoas
ficarem confusas.
"É uma mistura muito grande. Eu fiz um MBA em
marketing e tive carga horária de 650 horas. É
maior do que muito mestrado", compara.
Ele afirma que não se arrependeu de sua escolha e que
aplica o que aprendeu em sua agência de publicidade.
"Valeu muito a pena. Eu aprendi coisas novas e fiquei
atualizado com o que está acontecendo no mercado",
completa.
As informações são
da Folha de S.Paulo.
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