Erika
Vieira
Alunos da Universidade Pública de Paulínia
(cidade do interior de São Paulo com cerca de 51 mil
habitantes), a Fupespp (Fundação de Pesquisas,
Estudos Sociais e Políticas Públicas), estão
reivindicando mais horas de aula. Após o anúncio
da redução de 5.760 horas/aula para 3.200 horas
dos cursos da faculdade, os estudantes organizaram uma mobilização
em defesa da carga horária completa, como garante o
currículo de ensino da instituição aprovado
pelo MEC.
”Prestamos vestibular para ter uma qualidade de ensino
que agora querem mudar. Poderíamos ter ido para a Unicamp,
por exemplo, mas decidimos ficar aqui e agora querem mudar
a grade curricular”, fala o estudante Bruno Martini
Santos, do curso de Administração Pública.
Os estudantes reivindicam às 5.760 horas porque desde
a criação da faculdade a proposta foi de oferecer
um Projeto de Excelência em que além das disciplinas
tradicionais da graduação estivesse incluído
no currículo aulas de idiomas (alemão, francês,
italiano, inglês e espanhol), informática e produção
de texto. Com o corte de horas, as disciplinas extras também
sofrem redução de conteúdo. “O
nível de educação que é dado aqui
não encontramos em outro lugar. Não podemos
deixar isso acabar”, justifica o aluno de comércio
exterior, Francisco de Assis Machado.
A mobilização teve inicio no dia 05 de junho
e já dura 28 dias, por isso, a direção
da Fupespp suspendeu as aulas até 01/08 e proibiu da
entrada dos universitários no campus, através
de uma liminar de reintegração de posse, cedida
pela justiça. Os portões encontram-se fechado
com cadeado durante o dia e apenas é aberto no período
noturno para as aulas do cursinho pré-vestibular que
utiliza o mesmo espaço do campus. Os professores estão
realizando as aulas no canteiro da Avenida José Paulino
(avenida principal da cidade).
Na última quarta-feira (28/06) a prefeitura de Paulínia,
mantenedora da Fupespp, determinou em nota oficial a extinção
da instituição. A administração
do prefeito, Edson Moura (PMDB), alega que a universidade
deve ser fechada por descumprir a norma de que 75% dos alunos
matriculados devem ser moradores do município. De acordo
com a própria faculdade, dos 280 matriculados apenas
114 residem no local. Paradoxalmente ao fechamento de uma
instituição avançada de ensino superior,
essa semana acontece na cidade o Encontro Nacional de Educadores.
A prefeitura compromete financiar os cursos dos estudantes
já ingressos na Fupespp. Porém, os estudantes
estão acampados em frente ao campus protestando contra
a redução das horas de aluna e o fechamento
da universidade. Eles defendem que futuros alunos também
possam ter acesso a ensino de qualidade e gratuito.
A direção da Fupespp foi procurada pela reportagem,
mas os funcionários não souberam informar onde
se encontrava o diretor, Gideon Carvalho Benedicto, que segundo
os próprios funcionários há dias não
aparece na instituição. Já o superintendente,
João Natanael de Souza prefere se pronunciar após
Edson Moura divulgar a ata com a determinação
oficial de extinção.
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