O projeto Telescópios na Escola é uma iniciativa
que permitirá a estudantes dos ensinos fundamental
e médio de diversas cidades do Brasil operarem telescópios
e receber imagens dos astros em tempo real, via internet.
Fruto de uma parceria entre o Instituto de Astronomia, Geofísica
e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, o Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais e as Universidades Federais
do Rio de Janeiro, do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina
e do Rio Grande do Norte, o programa aproxima os alunos do
cotidiano dos astrônomos, além de ajudar e estimular
o aprendizado de matemática, ciências e da própria
astronomia.
A professora Jane Gregorio-Hetem, do IAG da USP e uma das
coordenadoras do projeto, inaugurado no segundo semestre de
2005, ressalta que "o diferencial do Telescópios
na Escola é que são os próprios alunos
que adquirem as fotografias. Eles ficam fascinados com as
imagens dos planetas, estrelas e galáxias". Segundo
ela, os professores não precisam ter conhecimentos
prévios em astronomia para orientar seus alunos. Para
participar, as escolas, públicas ou particulares, só
precisam preencher um cadastro na internet.
Jane conta que muitos projetos de astronomia feitos por professores
abordam temas clássicos, como os relógios de
sol, por exemplo, que não são tão atrativos
como os temas mais atuais da Astrofísica. Outro grande
mérito do projeto, na opinião da professora,
é promover a interdisciplinaridade, podendo unir áreas
como tecnologia, física, matemática, computação,
química, história, geografia, artes e mitologia,
entre outros.
No site do projeto, www.telescopiosnaescola.pro.br,
os professores podem ter acesso às informações
e explicações necessárias para que orientem
seus alunos e entendam um pouco mais sobre o assunto. A página
também traz sugestões de atividades práticas
para serem trabalhadas em sala de aula, a partir das imagens
obtidas pelo telescópio.
Entre as atividades sugeridas, pode-se encontrar desde noções
básicas de astronomia até exercícios
de física ou cálculos de trigonometria. "Mas
a grande idéia é que o professor, que tem formação
didática e em sua área de atuação,
desenvolva, até com a participação dos
alunos, atividades para trabalhar em sala de aula. Só
damos os instrumentos", ressalta a astrônoma. Também
é mantido um contato entre os organizadores do projeto
e as escolas participantes, para assessorá-las.
Funcionamento
No projeto, as escolas cadastradas devem marcar horário
no telescópio da instituição que quiserem
acessar e, no dia marcado, os alunos, com a orientação
do professor, operam o telescópio à distância
(pela internet) e recebem as imagens captadas no mesmo instante.
São os estudantes que escolhem que objetos vão
estudar (estrelas, planetas, asteróides, cometas, galáxias,
etc) e, com apoio dos membros do projeto, aprendem a trabalhar
com os dados.
Jane lembra, porém, que a captura das imagens precisa
ser feita durante a noite. "Temos a previsão de
utilizar um filtro para que possam ser feitas observações
do Sol", diz ela, já que por enquanto o projeto
é restrito aos telescópios no Brasil. Há
planos, no entanto, para que o projeto seja internacional,
"assim, as escolas poderiam captar imagens noturnas durante
o dia, de um telescópio que estivesse na Austrália,
por exemplo", explica a professora. As imagens não
podem ser captadas nos dias de chuva, o que impossibilita
a observação. Para esses dias, Jane conta que
está sendo montado um banco de dados de imagens que
poderão ser trabalhadas nas escolas.
"O projeto também contribui, indiretamente, para
a reciclagem e o preparo dos professores e ajuda-os a responder
às dúvidas dos alunos sobre questões
atuais da astronomia, que eles vêem no noticiário
e o professor muitas vezes não sabe explicar",
ressalta Jane.
As informações são
da Agência USP.
|