De um
lado, empresas com lucros maiores e pessoas e firmas com investimentos
rendendo mais. De outro, trabalhadores ganhando menos. É
isso o que revelam os dados completos do PIB de 2003, divulgados
pelo IBGE.
A participação da remuneração
dos empregados no bolo do PIB caiu de 36,1% em 2002 para 35,6%
em 2003 -essa cifra era ainda maior em 1999, quando chegou
a 38,1%. Os chamados excedentes (lucros de companhias e ganhos
de investimentos, aluguéis e outros) aumentaram seu
peso de 41,9% para 43%. Em 1999, o percentual era menor: 40,5%.
De acordo com Carlos Sobral, gerente do IBGE, é fato
que as empresas aumentaram seus lucros em 2003 especialmente
por causa do recuo do dólar e dos juros, que reduziu
o impacto do endividamento no balanço das firmas.
É fato também, segundo ele, que a renda do
trabalhador sofreu uma retração em 2003, primeiro
ano do governo Lula, marcado pelo arrocho da política
econômica (juros maiores) e pelo aumento do superávit
primário, caindo 7,4% em relação a 2002,
segundo a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios).
Um dado de arrecadação apresentado pelo IBGE
reforça a tese de que as empresas ganharam mais em
2003 enquanto os trabalhadores perderam. Segundo Sobral, a
receita do governo com o Imposto de Renda Pessoa Física
caiu 3% no ano passado. Já a arrecadação
com o Imposto de Renda Pessoa Jurídica aumentou 18%.
"Só paga quem tem renda", disse.
Além do rendimento dos empregados (tanto com carteira
como sem carteira de trabalho assinada), a participação
do rendimento dos autônomos -os trabalhadores por conta
própria- em relação ao PIB também
caiu. Passou de 4,6% em 2002 para 4,5% em 2003. Em 1999, o
peso da renda dessa categoria era ainda maior -5,7%.
De 2002 para 2003, também perderam participação
no total do PIB os impostos que incidem sobre a produção
e a importação de produtos: caiu de 17,4% do
PIB para 16,9%.
As informações são
da Folha de S. Paulo.
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