No último
dia 14 de abril foi lançada oficialmente em Brasília
a Rede de Tecnologia Social, uma iniciativa do Governo Federal
em conjunto com comunidades e instituições,
como a Fundação Banco do Brasil, que apóiam
projetos sociais no País. Na ocasião foram anunciadas
as Tecnologias Sociais escolhidas para a replicação
em âmbito nacional e que receberão das entidades
mantenedoras da rede, cerca de R$14 milhões, apenas
neste ano. São elas: Barraginhas, Mandallas e Descascadores
de Algodão (tecnologias adaptadas ao semi-árido).
Na região Amazônica, os recursos serão
aplicados em projetos de agroextrativismo e fruticultura;
e nos bolsões de pobreza das grandes cidades, Incubadoras
de Empreendimentos Solidários e catadores de materiais
recicláveis serão o alvo da atuação
da RTS.
O objetivo da RTS, como explica ainda a assessoria do MCT,
é justamente possibilitar a multiplicação
da utilização desses conhecimentos, evitando
a duplicação de esforços e desperdícios
de recursos. A construção desse espaço
comum possibilitará, ainda, a integração
entre os diversos atores envolvidos na busca de soluções
para os problemas sociais brasileiros. "Já temos,
inclusive, duas redes que fazem, parte da RTS, esperamos que
outras participem", destaca o diretor executivo de Desenvolvimento
Social, Almir Paraca. Ele explica ainda que para a RTS é
importante a participação de redes como a GTA
- Grupo de Trabalho da Amazônia e ASA - Associação
do Semi-Árido: "assim, garante-se a presença
efetiva das pequenas organizações que são
justamente as que têm maior contato com as comunidades
que realmente precisam que se desenvolva metodologias de tecnologia
social", completa destacando que a RTS está aberta
a novas redes e contam com essa participação.
Outra participação importante na RTS, segundo
Paraca e Fumiu, é a de Universidades e pesquisadores
da área acadêmica: "são eles que
vêm produzindo, pesauisando e estudando dentro das instituições
os saberes populares oriundos das ONGs e comunidades. É
importante que haja um incentivo para que esses pesquisadores
e estudiosos da área acadêmica, direcionem seus
trabalhos para a área social", destaca Fumiu.
A RTS é fruto da articulação e organizações
governamentais e não-governamentais, além de
universidades e pesquisadores: "A idéia da construção
da RTS surgiu da constatação de que as peculiariedades
das comunidades não anulavam o caráter geral
dos problemas sociais. Por conta disso, seus idealizadores
resolveram ampliar as experiências bem-sucedidas, democratizando
o acesso aos processos tecnológicos desenvolvidos e
divulgando os resultados alcançados", explica
a assessoria de imprensa do MCT. As entidades realizaram,
em novembro do ano passado, a I Conferência Internacional
e Mostra de Tecnologia Social, no Parque de Exposições
do Anhembi, em São Paulo, quando a proposta da RTS
foi discutida em uma mesa-redonda durante 4 painéis.
Na ocasião foram apresentados diversos exemplos nacionais
e internacionais do que seriam tecnologias sociais reaplicáveis.
Um exemplo de tecnologia social é o Sistema Barraginhas,
desenvolvido pela Embrapa Milho e Sorgo. O sistema, criado
para captação de água superficial de
chuva no Semi-Árido, recuperação de áreas
degradadas e revitalização de mananciais no
Cerrado, consiste na construção de pequenas
barragens dispersas nas pastagens e lavouras, de forma a impedir
os danos provocados pelas enxurradas. Outro exemplo muito
interessante e que vem sendo pauta é a tecnologia Mandalla,
projeto premiado, inclusive, pelo Prêmio Fundação
banco do Brasil em 2003: "trata-se de uma oscip que criou
essa tecnologia utilizada especialmente na agricultura familiar
onde, a água fertilizada de tanques de pisciculturas
é reaproveitada para um sistema de irrigação
de agricultura a partir de hastes de cotonetes", explica
Paraca lembrando que esse método permite a subsistência
e a geração de renda de famílias inteiras.
A RTS irá selecionar outras propostas de apoio financeiro
a projetos de reaplicação de tecnologia de incubação
de empreendimentos solidários, sendo que dois tipos
de ações serão contemplados: Incubação
de Empreendimentos Solidários e Incubação
de Incubadoras de Empreendimentos Solidários. Poderão
participar instituições sediadas em cidades
com população acima de 1 milhão de habitantes,
municípios localizados em regiões metropolitanas,
áreas dos Consórcios Intermunicipais de Segurança
Alimentar e Desenvolvimento (CONSADs) e Amazônia Legal.
Serão priorizados empreendimentos formados por mulheres,
por beneficiários do Programa Bolsa Família,
por pessoas portadoras de deficiências e grupos de Catadores
e outras atividades ligadas ao reaproveitamento e reciclagem
de resíduos. R$3 milhões serão disponibilzados
pelas instituições proponentes e há a
possibilidade de que outros parceiros da RTS também
venham a injetar recursos nos projetos. A data final para
o envio eletrônico da proposta é 31/05/2005.
A divulgação do resultado será feita
a partir do dia 30 de junho.
As tecnologias obtidas deverão ser avaliadas por
um comitê coordenador da Rede, que reúne 13 entidades
públicas, privadas e ONGs. São elas: Ministério
da Ciência e Tecnologia (MCT); Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS); Secretaria
de Comunicação Social da Presidência da
República (Secom), responsável pela divulgação
da Rede; Financiadora de Estudos e Projetos (Finep/MCT); Fundação
Banco do Brasil; Caixa Econômica Federal; Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae);
Petrobras; Associação Brasileira de Organizações
não-Governamentais (Abong); Instituto Ethos; Fórum
de Pró-Reitores de Extensão das Universidades
Públicas Brasileiras; Articulação no
Semi-Árido Brasileiro (ASA) e Grupo de Trabalho Amazônico
(GTA).
O ano de 2005 para a RTS será de reaplicação
e implementação das tecnologias. A primeira
ação em parceira com a Sebrae e Fundação
Banco do Brasil será reaplicar pelo menos 2 mil Mandallas
pelo país. "O papel da comunidade nesse processo
é cobrar da RTS no final do ano o prometido, saber
quantas tecnologias foram realmente reaplicadas e quantas
pessoas atingiram. Afinal, A RTS não foi criada para
ser apenas uma rede de articulação e sim de
ação. Se não conseguirmos reaplicar as
tecnologias, é porque falhamos e isso será muito
frustrante", desabafa Fumiu.
Mais informações sobre a RTS no site http://www.redetecnologiasocial.net
LISANDRA MAIOLI
do site
setor3
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