.
              
 
HOME | COLUNAS | SÓ SÃO PAULO | COMUNIDADE | CIDADÃO JORNALISTA | QUEM SOMOS
 
 

criatividade
04/05/2005

Muito além do faz-de-conta

JATAIZINHO (PR) - Até o nome da rua é inspiração à leitura: Rua Monteiro Lobato, 550. Esse é o endereço da Escola Municipal D. Pedro II, em Jataizinho (21 km a leste de Londrina), onde nas duas últimas semanas professores e alunos se mobilizaram em uma série de atividades de incentivo à leitura. Sem sede própria, já que a instituição ocupa o espaço da Escola Estadual Joana H. M. Borba, o jeito foi improvisar uma sala de aula para montar o ''Espaço da Leitura''. Repleta de gibis, incluindo exemplares de Marvel, Wolverine, A Turma da Mônica, livros infantis e exemplares da Folha, a sala de aula foi palco de várias atividades entre elas teatro com fantoches e dramatizações. A escola atende 420 alunos de 1 à 4 série.

Foi uma surpresa quando as crianças viram a professora Cirlene Aparecida Mizael Camargo encarnando a Cinderela. Com vestido pomposo, sapatinhos de ''cristal'' (na verdade, de plástico), coroa de ''brilhantes'' na cabeça, ela deu vida a uma das personagens mais famosas do imaginário infantil. Com habilidade, ela contou a história de uma moça pobre que após ser oprimida pela madrasta, decide ir ao baile do príncipe. Sob poderes mágicos, ganha uma linda roupa e sapatinhos de cristal. Mas precisa sair da festa até meia-noite, quando o encanto se desfaz.

Na festa, ela acaba conhecendo o príncipe, mas tem que fugir correndo já que as horas estavam avançando. Na correria, um sapatinho fica pelo caminho e é através dele que o príncipe irá encontrar a sua amada. No final, como na maioria dos contos de fadas, eles vivem felizes para sempre. As crianças adoraram ouvir a história dramatizada e no final a professora deixa um recado: ''Devemos sempre buscar a honestidade. Mesmo que a situação seja ruim, não podemos abandonar o bem, pois, no final, tudo dará certo!'', recomendou.

''Foi a primeira vez que participei de uma dramatização e gostei muito. Ser professor é dom. É preciso que o aluno goste do professor para que ele acredite naquilo que está passando. Sobre o ato de ouvir histórias, isso é um grande estímulo para a leitura, que faz com que aluno viva outras realidades e desenvolva o seu senso crítico'', destacou Cirlene.

O aluno Diego Martins Laurindo, 9 anos, falou que gostou muito da dramatização. ''Não gosto muito de ler, mas acho que isso me ajudou a querer ler mais. Prefiro ler livros'', disse. Sua colega de sala, Yorrana Pedroso, 9 anos, destacou que ouvindo a história da Cinderela aprendeu que não se deve fazer mal aos outros. ''Se você for mau, a maldade pode voltar contra você.''

O aluno Teófilo da Silva Brandt, 9 anos, também aprovou a experiência. Ele foi um dos responsáveis pelo teatro de fantoches da ''Chapeuzinho Vermelho'' e e vivenciou o personagem ''Lobo Mau''. ''Nós apresentamos uma versão moderna da história. A Chapeuzinho anda de moto, o processo de industrialização está chegando no bosque, o Lobo toca guitarra e sempre pergunta para a ela (Chapeuzinho) se veio para criticar alguma coisa'', explicou Teófilo.

Apaixonado por gibis, ele contou que uma das coisas que mais gosta de fazer é comprar gibis nos sebos de Londrina. ''Aqui em Jataizinho não há sebos e o meu personagem favorito é o Cebolinha'', contou o aluno. Téofilo também já está colhendo os frutos dos benefícios que a leitura pode trazer. Quem cultiva o hábito de ler, normalmente também desenvolve a habilidade da escrita, o que favorece as redações escolares. Prova disso foi que ele venceu este ano um concurso de redação promovido pelo município com alunos da 3 série.

O tema foi ''O Trabalho''e a redação de Teófilo abordou a relação do trabalho com o meio ambiente. Na sua dissertação, escreveu sobre a chuva ácida, a poluição dos rios e também pontuou sobre a exploração desenfreada da argila em Jataizinho. ''A argila quase não existe mais aqui e é um recurso irrenóvavel. O pouco que resta de argila está nas margens dos rios e não pode ser tirado para não prejudicar a mata ciliar que protege contra o assoriamento dos rios'', defendeu Teófilo, demonstrando consciência ecológica.

''O ideal seria que tivéssemos um espaço próprio e permanente como este para estimular a parte lúdica das crianças, mas, enquanto isso não acontece, temos que improvisar e acho que todo esforço valeu a pena'', comentou a supervisora Janeti Aparecida Carvalho Vaz.


ANA PAULA NASCIMENTO
do jornal Folha de Londrina

   
 
 
 

NOTÍCIAS ANteriores
03/05/2005 Jogos eletrônicos utilizados com jovens podem obter bons resultados
03/05/2005 Comércio virtual apóia pequeno produtor nordestino
03/05/2005 Ação pressiona por referendo sobre armas
02/05/2005 Mercado eleva expectativa de inflação pela nona semana
02/05/2005 Crescer e Viver distribui livros doados a escolas públicas
02/05/2005 Parceria entre Estado e Instituto viabiliza programa
02/05/2005 Aluno de escola pública precisa mais de cursinho para obter vaga
29/04/2005 Receita já recebeu 18,1 mi de declarações do IR
29/04/2005
Programa "Abrigar" promove melhoria para crianças carentes
28/04/2005
Inflação avança para 0,86% em abril, diz FGV