O aluno
da rede pública é o que mais precisa do cursinho
para vencer o vestibular, mas, entre os jovens que recorrem
a essas aulas, o tempo até a entrada na USP é
quase o mesmo do estudante que concluiu o ensino médio
em uma unidade particular.
Isso porque 92% dos entrevistados oriundos de colégio
público precisaram de cursinho para chegar à
Universidade de São Paulo. Entre os aprovados da rede
privada, esse índice é de 69%. A média
conjunta é de 72% -ou seja, menos de 3 em cada 10 novatos
entraram sem cursinho nos 18 cursos mais disputados da USP.
O período de reforço de última hora,
porém, não muda tanto entre eles. Em média,
o hoje calouro da USP que concluiu o terceiro ano em escola
particular ficou 12 meses no cursinho. O período médio
é de 13 meses para quem passou pela rede pública.
A média é influenciada pela concentração
de jovens que estudam de seis meses a um ano no cursinho.
Na escola particular, isso ocorreu com 64% dos estudantes.
Entre os jovens de escola pública, com 57%. Na média
total dos entrevistados que fizeram cursinho, 63% tiveram
entre seis e um ano de reforço.
Precisaram de um a dois anos de cursinho 15% dos calouros
oriundos de colégio particular e 23% entre os de unidade
pública. E 6% dos estudantes que precisaram do reforço,
tanto de escola pública quanto particular, tiveram
mais de dois anos de aulas nessas instituições.
Reflexo do período necessário de cursinho até
a faculdade, a maioria dos calouros uspianos precisou fazer
o vestibular duas (32%) ou três vezes (34%). Na primeira
tentativa só obtiveram êxito 15% dos alunos (16%
da rede privada e 10% da pública). Pouquíssimos
persistentes têm sucesso após a quinta tentativa
--só 1% dos entrevistados prestaram a Fuvest mais de
cinco vezes.
Renda familiar
A renda não é um fator tão preponderante
na decisão de fazer ou não cursinho. Entre as
famílias com renda de até cinco salários
mínimos por mês (R$ 1.300), 71% fizeram curso
complementar. O índice sobe para 81% entre os que venceram
o vestibular e têm renda familiar entre cinco e dez
salários mínimos, mas cai para 66% na fatia
de quem recebe mais de 20 salários mínimos/mês.
Mas a renda importa na escolha do cursinho. Entre os três
que mais aprovam, o maior percentual de alunos é do
Objetivo na faixa de até cinco salários mínimos
por mês (22% dos aprovados), seguido de Etapa (20%)
e Anglo (15%). A lista se inverte entre os que recebem mais
de 20 salários mínimos: Anglo (33%), Etapa (14%)
e Objetivo (8%).
Mas o treinamento para o exame, que ajuda a preparar para
o estresse da hora H é bem diferente entre as escolas
públicas e particulares. Prestaram a Fuvest como treineiros
71% dos jovens da rede privada. Entre unidades públicas
o índice de alunos que fizeram o vestibular no primeiro
ou segundo ano cai para 28%.
FÁTIMA FERNANDES
da Folha de S. Paulo
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