O
presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, no
Rio, que o desemprego é uma "desgraça",
mas que o brasileiro não pode se deixar abater. "Temos
que olhar para a frente e dizer: sou brasileiro e brasileira,
não desisto nunca e tenho certeza de que vou conquistar
as coisas em que acredito."
Há uma campanha publicitária do governo em
veiculação que conclama o brasileiro justamente
a ser perseverante. Lula lembrou que já ficou desempregado
por mais de um ano. "Sei que é duro ficar desempregado,
mas a gente não pode permitir que nenhuma desgraça
abata nosso moral."
O presidente passou a manhã na Fiocruz (Fundação
Oswaldo Cruz), em comemoração do Dia da Saúde.
Ao receber documento com reivindicações de sindicalistas
da associação dos servidores da instituição,
pediu paciência.
"Um grande problema que enfrentamos é que quase
tudo ligado ao funcionalismo público está atrasado
dez, 15, 18, 19 anos. As pessoas não podem esquecer
que temos apenas 18 meses de governo, não temos 18
anos." Entre as reivindicações está
a criação de nova gratificação
para a categoria.
No período em que ficou na instituição,
Lula foi bem recebido pelos funcionários. Ao inaugurar
a nova sede da Escola Politécnica de Saúde Joaquim
Venâncio, foi aplaudido diversas vezes. "Ele é
uma gracinha, uma fofura", dizia a pesquisadora Nair
Navarro, 62.
Em vez do já costumeiro boné, Lula vestiu o
jaleco da escola. Além de descerrar a placa de inauguração,
ele e os ministros presentes deixaram as assinaturas numa
das paredes do prédio, que, segundo o presidente, já
foi apelidado de "Beterrabão" ou "Berinjelão",
por causa da cor puxada para o vinho. Em poucos minutos, alunos
se acotovelavam em frente à assinatura de Lula para
tirar fotos. Acompanharam o presidente na visita os ministros
Humberto Costa (Saúde), Tarso Genro (Educação)
e Eduardo Campos (Ciência e Tecnologia).
Lula recebeu o título de doutor honoris causa da Fiocruz
e o levantou como se fosse um troféu. Em seguida, confundiu
a razão do título --uma honraria, não
uma especialização, como especulou. "Podem
ficar certo de que não vou clinicar com esse diploma,
porque, se fosse doutor honoris causa em ciência política,
até poderia fazer política. Mas, em se tratando
de saúde, vou respeitar os profissionais do nosso país."
Fábrica comprada
O presidente também assinou o termo que dá
posse à Fiocruz da fábrica de medicamentos da
Glaxo, comprada por R$ 18 milhões. Segundo o Ministério
da Saúde, a instalação, em Jacarepaguá
(zona oeste do Rio), permitirá a produção,
em 2007, de 10 bilhões de unidades farmacêuticas,
como pílulas ou ampolas. No ano passado, a Fiocruz
fez 1,7 bilhão de unidades.
A fundação abastece o SUS (Sistema Único
de Saúde) e as farmácias populares. Produz 60
tipos de medicamento, como sete dos 16 anti-retrovirais que
compõem o coquetel da Aids. Com a fábrica, produzirá
cerca de cem até 2007. A expectativa é que,
no próximo ano, inicie a fabricação de
antibióticos, como a amoxilina, comprados hoje de empresas
privadas.
Em seu discurso, Lula afirmou que desde criança ouvia
dos pais a seguinte frase: "Se tiver saúde, o
resto a gente faz". Segundo ele, essa é a "máxima"
que marca a sua visão de governo sobre saúde.
GABRIELA WOLTHERS
da Folha de S.Paulo
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