SÃO
BERNARDO DO CAMPO. Cerca de 1.200 mulheres protestaram ontem
em frente ao prédio onde mora o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista,
contra a edição da medida provisória
que determinou o fechamento dos bingos. Organizada pela Força
Sindical e comandada pela vice-presidente do Sindicato dos
Metalúrgicos de São Paulo, Elza Costa Pereira,
mulher de Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente da
central sindical, a primeira manifestação de
trabalhadores em frente à casa de Lula pediu a imediata
reabertura dos bingos para preservar, segundo as manifestantes,
320 mil empregos. No fim da manifestação, Elza
disse que as demitidas prometem montar 50 barracas e acampar
em frente ao prédio até Lula resolver o problema.
"De forma alguma o protesto é anti-Lula. É,
sim, antidesemprego. Nós queremos que a primeira-dama,
dona Marisa Letícia, fale com Lula e nos ajude a manter
os empregos nos bingos", disse Elza.
Após uma caminhada de cerca de 40 minutos, da Praça
da Matriz, no centro de São Bernardo, berço
político de Lula, até a Avenida Francisco Prestes
Maia, onde fica o prédio, as trabalhadoras em bingos
deixaram na portaria flores e cartas com reivindicações,
para dona Marisa. O porteiro, que se identificou apenas como
Roberto, limitou-se a receber as encomendas. Dona Marisa e
Lula estavam em Brasília.
"Queremos nosso emprego de volta. Queremos pedir à
Marisa que nos ajude, que peça ao Lula para revogar
essa medida provisória que acabou com nossos empregos",
disse Neuza Barbosa, secretária de políticas
para a mulher da Força Sindical.
Quando as manifestantes estavam chegando, dois carros da
Polícia Militar foram estacionados no meio da avenida,
tentando evitar que o grupo parasse em frente ao edifício.
As organizadoras da passeata, em cima de um carro de som,
orientaram as trabalhadoras a prosseguir. Os poucos PMs, que
ocupavam os dois veículos, no entanto, não reagiram
e as mulheres passaram livremente. Em seguida chegaram reforços
e os policiais cercaram a entrada do prédio.
"A polícia está aqui para manter a ordem
e não para reprimir nossa manifestação,
que é pacífica", gritava, do carro de som,
Maria Auxiliadora, presidente do Sindicato dos Trabalhadores
nas Indústrias de Brinquedos de São Paulo.
Durante a passeata, manifestantes gritaram diversos slogans
contra o governo e contra o presidente: “Eu votei, votei
errada, votei no Lula, e fiquei desempregada”, “Ô
Zé Dirceu, o seu emprego custou o meu”, “O
Lula vai, o Lula vem, e não faz nada para ninguém”,
“Dona Marisa, preste atenção, nós
não queremos demissão”, “Olê,
olá, abre o bingo que eu preciso trabalhar”.
As informações são
do jornal O Globo.
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