Nem bem
começou o calendário de entrega do Imposto de
Renda (IR) e os principais bancos de varejo brasileiro já
abriram linhas de crédito que antecipam em até
80% o valor da restituição. O empréstimo
é restrito a correntistas e, para ter acesso, o cliente
precisa ter indicado na declaração que os créditos
devem ser depositados naquela instituição. As
taxas variam de 2,65% a 3,8% ao mês, e a linha é
recomendada para saldar dívidas.
Na maioria dos casos, a operação é vantajosa.
Levantamento da Associação Nacional dos Executivos
de Finanças, Administração e Contabilidade
(Anefac) mostra que as taxas cobradas no cheque especial são
de 8% ao mês e as do cartão de crédito,
de 10% mensais, três vezes mais do que os juros cobrados
pelos bancos no adiantamento do IR.
3% ao mês significam 50% ao ano
Os economistas aconselham o uso dessas linhas para
sair do vermelho, trocando uma dívida cara por outra
mais barata. Ou numa emergência. Foi o caso de Ruy Teixeira
Souza, correntista do Santander que no ano passado optou pela
antecipação do Imposto de Renda para arcar com
os custos de uma cirurgia:
"Era uma situação inesperada e esta foi
a melhor opção. Saiu mais em conta do que pedir
um empréstimo pessoal ou entrar no cheque especial.
As taxas compensam: no meu caso, caíram à metade,
ficando em cerca de 3% ao mês".
No entanto, é bom lembrar que uma taxa mensal de 3%
significa um juro de 50% ao ano. Por isso, esses empréstimos
não são recomendados se o correntista pretende
usar os recursos para antecipar a aquisição
de um bem. Nestes casos, a indicação é
economizar antes e comprar, à vista, depois.
"A contratação é simples. O cliente
precisa levar a declaração do IR ao banco e
solicitar a linha em um dos caixas", sugere Celso Mugnela,
superintendente de Produtos do Banco Real.
A indicação vale para os demais bancos. O crédito,
dizem as instituições, é imediato. O
pagamento é feito via débito em conta —
na maioria dos casos, o cliente tem cerca de dez meses para
quitar a dívida. Assim que a restituição
for creditada, o banco descontará o valor do empréstimo
acrescido dos juros no período.
A procura pelo produto tem sido grande. Lançada em
1 de março, a linha do Banco do Brasil foi contratada
por mais de 1.300 correntistas só no primeiro dia,
movimentando R$ 2 milhões. Para se ter uma idéia,
em 2003, 170 mil pessoas adquiriram o empréstimo.
20% a mais
Segundo Edson Monteiro, vice-presidente de Varejo
e Distribuição do Banco do Brasil, a estimativa
é de que 2004 encerre com um crescimento de 20% na
contratação.
" Com a renda achatada, o custo de oportunidade é
tentador para boa parte dos brasileiros", diz Monteiro.
O Santander também espera uma expansão de 20%.
Para isso, o banco está oferecendo taxas que estão
entre as menores do mercado — 2,7% ao mês —
aos clientes que já contrataram o serviço em
anos anteriores, bem mais em conta que o juro cobrado no ano
passado, de 3,6%.
"Os juros são nossa matéria-prima. A forte
queda do ano passado foi repassada aos correntistas, com o
lançamento de uma taxa mais competitiva no mercado",
afirma Marcelo Linardi, superintendente de Produtos do Grupo
Santander Banespa.
As informações são
do jornal O Globo.
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