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Desenvolvimento
09/09/2004
Lula vai levar nova proposta de fundo contra fome à ONU

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva retomará sua campanha política de combate à pobreza mundial neste dia 20 em Nova York, com uma proposta que se pretende mais concreta e "palatável" aos países ricos para o financiamento de projetos de desenvolvimento.

Em reunião com 54 líderes mundiais na sede da ONU (Organização das Nações Unidas), Lula tentará abrir as negociações sobre as propostas de taxações internacionais de transações financeiras e de produção de armamentos. O objetivo é enfrentar o déficit de US$ 50 bilhões por ano em investimentos necessários para cumprir as Metas do Milênio até 2015.

As duas idéias, antigas na agenda internacional, enfrentam grande resistência por parte de críticos e governos em todo o mundo. Os EUA já indicaram posição contrária à taxação de transações financeiras, e a França se declarou em janeiro contrária à taxação de armas, por ser um país produtor.

Lula tentará pautar seus colegas com o relatório final do grupo de trabalho internacional criado em janeiro e composto por brasileiros, franceses, chilenos, espanhóis e diplomatas da ONU. Segundo o governo brasileiro, a meta de Lula é forçar uma mobilização política a respeito de mecanismos concretos de financiamento. Para isso, já estão abandonadas idéias anteriores, como a criação de um Fundo Internacional de Combate À Pobreza e uma nova instituição internacional para gerir os recursos.

Todas as propostas, diz o governo, respeitarão a soberania dos países arrecadadores e contarão com compromissos de estratégia desenvolvimentista e de governança dos beneficiados. "A resistência de um país ou outro não impede uma discussão internacional transparente sobre as propostas. É natural que os Estados
Unidos se oponham à taxação internacional por questões internas, mas isso não é motivo para não sentar na mesa", disse Maria Nazareth Azevedo, assessora de assuntos multilaterais do Itamaraty.

O relatório discute a taxação de movimentações financeiras, proposta inicialmente como uma espécie de CPMF mundial, na forma de uma taxa de 0,01% sobre transações cambiais. Essas atividades movimentaram US$ 1,17 trilhão por dia em 2001. O Brasil estima que uma taxa desse tipo arrecadaria hoje entre US$ 17 e US$ 30 bilhões ao ano, sem perturbar muito os mercados financeiros e reduzindo a especulação.

A proposta de taxação do comércio internacional de armamentos focaliza os armamentos pesados, que são registrados na ONU, ao contrário das armas leves, cuja produção é pulverizada. Segundo o Instituto Internacional de Pesquisa de Paz de Estocolmo, o investimento militar mundial aumentou 18% de 2002 a 2004, chegando a US$ 1 trilhão ao ano.


LEILA SUWWAN
da Folha de S.Paulo

   
 
 
 

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