BRASÍLIA
- O relator da comissão especial mista do salário
mínimo, deputado Rodrigo Maia (PFL/RJ), apresenta hoje
proposta de aumento de R$ 15 para o salário mínimo
de R$ 260 fixado pelo governo. A oposição vai
adotar a estratégia de não votar na comissão
o relatório do deputado pefelista e encaminhá-lo
direto ao plenário, onde a chance de aprová-lo
é maior, já que os partidos governistas trocaram
parlamentares da comissão.
Maia disse que há fontes alternativas orçamentárias
para garantir o salário de R$ 275 e indicará,
no parecer, de onde o governo pode remanejar recursos.
Ontem, a comissão ouviu o ministro do Planejamento,
Orçamento e Gestão, Guido Mantega, fazer a defesa
do governo pela manutenção do salário
em R$ 260. Alguns parlamentares proporcionaram um espetáculo
circense. A deputada Luciana Genro (sem partido/RS) levou
três pães para o plenário da comissão.
“Isso é o que dá para comprar por dia
com o aumento do mínimo de R$ 240 para R$ 260 - disparou
a deputada."
O deputado Virgílio Guimarães (PT-MG) rebateu
a provocação. Pediu que um assessor comprasse
num supermercado R$ 39,56 em produtos, valor que corresponde
ao aumento de R$ 20 do salário mínimo e mais
o reajuste de R$ 6,52 para o salário-família,
que passou de R$ 13,48 para R$ 20 por filho. A cesta de Virgílio
continha três pães, um saco de laranja de três
quilos, um quilo e meio de banana, quatro pacotes de biscoito
e uma cesta básica de R$ 28,50.
“Não é passando a falsa idéia dos
três pãezinhos que vamos achar que o aumento
do mínimo não é nada”, rebateu
o deputado petista.
O ministro Guido Mantega levou na esportiva o embate entre
os deputados, mas reafirmou que reajuste acima dos R$ 260
propostos pelo governo será ''traumático'' para
a economia brasileira.
“Se a proposta de R$ 275 passar, o Congresso terá
de cortar o Bolsa-Família e investimentos importantes
para o país”, afirmou.
O ministro contestou as possíveis fontes de receita
e se meteu num bate-boca com o deputado Alberto Goldman (PSDB/SP),
que afirmou que o ministro foi ''desonesto'' ao não
apresentar os números reais da arrecadação
do governo.
LUIZ QUEIROZ
DO JORNAL DO BRASIL
|