Um desempregado
ateou fogo ao próprio corpo ontem pela manhã
em frente ao Palácio do Planalto. José Antonio
Andrade de Souza, 30, de Cariacica (ES), disse ter tentado
se matar por não conseguir ser recebido pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva. Ele foi levado ainda consciente
ao Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), onde está
internado em estado grave, com 85% do corpo queimado.
Souza estava havia pelo menos dois dias na praça dos
Três Poderes. Ele carregava dois cartazes, que diziam:
"Senhor presidente, vendi meu barraquinho para vir falar
com o senhor". Ambulantes disseram que, na segunda, o
desempregado havia ameaçado repetidas vezes atear fogo
ao corpo caso não fosse recebido pelo presidente.
O porta-voz do Planalto, André Singer, disse que o
presidente "lamenta muito o ocorrido e espera a rápida
recuperação" do desempregado. Ao saber
do fato, Lula pediu ao médico da Presidência,
Júlio Gama, que ligasse para o hospital para monitorar
o estado de saúde de Souza.
Embora o desempregado tenha afirmado ter tentado conseguir
audiência com Lula, Singer afirmou que não há
nenhum pedido de audiência protocolado.
O incidente ocorreu pouco depois das 10h30. Quando o Corpo
de Bombeiros chegou ao local, o desempregado já tinha
a roupa queimada e tentava apagar o fogo rolando no chão.
Enquanto era transferido ao hospital, Souza contou que estava
desempregado e que, na manhã de ontem, foi à
rodoviária de Brasília comprar a garrafa de
álcool líquido que usou para tentar se matar.
Sua família não foi localizada.
Souza sofreu queimaduras de até terceiro grau e foi
sedado assim que chegou ao hospital. O paciente corre risco
de morte quando a extensão da queimadura supera os
30%. Souza teve 85% do corpo atingido. Conforme o diretor
do HRAN, Evandro Oliveira da Silva, caso Souza sobreviva,
deverá ficar internado por no mínimo 30 dias.
Ele também receberá atendimento psiquiátrico:
"Quem toma uma atitude dessas ou tem problemas psiquiátricos
ou está em situação de desespero muito
grande".
O titular da 2ª Delegacia de Polícia Civil do
Distrito Federal, Antonio Coelho Sampaio, disse que Souza
deverá ser ouvido assim que recobrar a consciência.
As informações são da Folha de S. Paulo.
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