Central
156 atende a solicitações de jardinagem, como
plantio e poda
Ipê-amarelo ou pau-ferro? Apesar de o serviço
ser desconhecido pelos paulistanos, é possível
pedir o plantio de uma árvore em qualquer rua de São
Paulo com um telefonema ao 156, central da Prefeitura, que
também atende pela internet. A exemplo da pizza, o
delivery de árvores à paulistana tem cardápio:
as espécies estão listadas no Manual Técnico
de Arborização Urbana, lançado no ano
passado pela Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente.
Ao acionar o sistema, o munícipe recebe a visita de
um técnico da Prefeitura, que verifica as condições
do local a receber a árvore, que poderá ser
de porte pequeno, médio ou grande e deverá guardar
distâncias obrigatórias de poste, placas indicativas
e fiação pública.
O mesmo manual, também disponível na internet,
mostra que certas espécies que fazem sucesso nas ruas
de São Paulo não são indicadas para a
arborização urbana. Caso da ficus, cujas longas
raízes podem invadir a tubulação, e da
flamboyant, pela copa gigante.
O serviço é pouco usado não só
por causa da falta de divulgação. O desapego
da população às árvores, cujo
dia é comemorado amanhã e que desempenha funções
na cidade como amenizar o clima e purificar o ar, faz com
que pedidos de poda e remoção de espécies
figurem entre os serviços mais pedidos no 156, no setor
de jardinagem.
Das 81.219 solicitações do ano passado, por
exemplo, apenas 2.339 (2,8%) eram de plantio, enquanto 44.024
(54,2%), de poda, e 11.423 (14%), de remoção.
De janeiro a agosto deste ano, das 56.653 solicitações,
somente 1.682 foram de plantio, contra 33.904 (59,8%) de poda
e 7.739 (13,6%) de remoção.
A cidade de São Paulo é considerada uma das
maiores áreas impermeabilizadas do mundo. A cada década,
há perda de vegetação, apesar de não
haver dados recentes que mostrem o quanto de verde se foi.
O último levantamento é o estudo Vegetação
Significativa de São Paulo, feito pela Prefeitura em
1988. De lá para cá, a cidade ganhou a maior
parte das 1.855 favelas, que hoje ocupam antigas áreas
verdes como várzeas.
Arborização
No início deste ano, a Secretaria Municipal do Verde
e do Meio Ambiente iniciou o plano de arborização
da cidade, com uma empresa terceirizada que cuida do plantio
à manutenção. De março a agosto,
foram plantadas 49.100 espécies, média de 8
mil por mês. A meta é de 9 mil. Por enquanto,
o plano tem contemplado áreas livres. Em outubro, o
foco serão ruas e avenidas. 'Nesse caso, o risco de
depredação é muito grande', afirma o
assessor especial da secretaria, Hélio Neves.
Para fazer com que a população proteja as árvores
plantadas, conta Neves, a secretaria financiará associações
de bairro para que desenvolvam uma política de educação
ambiental para a população. 'Faremos uma espécie
de chamamento das associações, já que
todos poderão participar dentro de um mesmo bairro,
por exemplo', explica o assessor.
Para receber as árvores, foi selecionado um distrito
administrativo - o mais carente de árvores - de cada
uma das quatro regiões de São Paulo, que dispõe
de 96 distritos. Da zona sul, foi escolhido Pedreira. Somam-se
a este os bairros de Rio Pequeno (oeste), Guaianazes (leste)
e Anhangüera (norte).
Segundo Neves, o pagamento às associações
será feito mediante o número de árvores
plantadas e mantidas em bom estado durante o período
determinado do programa. 'Ter a própria população
como parceira na manutenção da arborização
da cidade é a forma mais eficiente que encontramos,
porque só quem conhece o bairro poderá ajudar',
considera.
A secretaria está investindo em outras frentes para
promover a arborização da capital. O primeiro
censo arbóreo de São Paulo, que, ao final, terá
catalogado todas as espécies plantadas em seu território,
terá concluída a parte técnica nos próximos
dias. O levantamento será feito por geoprocessamento.
'Já recebemos algumas informações, mas
ainda são insuficientes', afirma Neves. O censo resultará
na criação de uma espécie de RG para
cada planta. Estima-se que haja 1,5 milhão de árvores
em São Paulo.
Sérgio Duran
O Estado de S.Paulo.
|