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Medo,
angústias, preconceitos. São sentimentos como
estes que algumas pessoas conseguem superar com um objetivo
maior: ajudar o outro. O desafio não é fácil,
mas elas garantem que o resultado final é extremamente
recompensador. São voluntários que vão
ao encontro de lugares e situações que, para
muitos, é melhor não olhar, não tocar,
não compreender. Eles atuam junto a doentes solitários
em hospitais, aos idosos esquecidos nos asilos, com dependentes
químicos abandonados pelas famílias, com presidiários
trancafiados em suas celas e até com pessoas desamparadas
por desastres.
Prova disso são os milhares de voluntários
que estão sendo enviados por organizações
de ajuda humanitária de todo o mundo, para colaborar
com as vítimas das regiões atingidas pelo maremoto
em dezembro na Ásia - o fenômeno deixou um rastro
de destruição em pelo menos oito países
da Ásia e um da África e milhares de mortos.
A tarefa, no entanto, não é nada fácil.
Requer muito do voluntário, principalmente o seu equílibrio
emocional.
A AME (Associação Missão Esperança),
por exemplo, que tem missionários na Indonésia
está convocando alguns profissionais voluntários,
como médicos e engenheiros, técnicos profissionais
e assistentes sociais, para atuar junto à Organização
de Saúde Pública Cristã da Indonésia
e outras igrejas no local. Mas a exigência é
grande. Entre os requisitos para participar desse projeto
está, além "de ter boa condição
de saúde, ter emocional estável para agüentar
emoções difíceis".
Mas o que leva algumas pessoas, muitas vezes, a superar
seus próprios limites e a escolher justamente atuar
em áreas em que sempre teve um certo receio ou até
medo? De acordo com a psicóloga Andrea Bossan, o indivíduo
gosta de superar barreiras e as suas próprias ansiedades,
sendo muito atrativo construir algo que lhe proporcione um
crescimento pessoal. "Muitas vezes, as pessoas apresentam
uma dificuldade inicial em certo aspecto, mas transposto o
primeiro degrau, existe um processo de amadurecimento pela
reflexão e crescimento diante do fato que antes era
assustador. Enfim, o crescimento pessoal e emocional são
propulsores deste tipo de desafio que a pessoa se propõe",
comenta.
A psicóloga Elizete Miranda lembra ainda que, de
maneira geral as pessoas buscam um trabalho voluntário
para o crescimento pessoal, tendo como referência as
habilidades desenvolvidas em sua trajetória de vida.
"Alguns chegam à atividade por experiência
anterior, outros surgem com expectativas de ajudar sem muita
definição do que fazer. É evidente que
indivíduos que se reconhecem, portanto tem dimensão
de seus anseios e desejos, percebem onde se localizam suas
limitações e ao escolherem um trabalho voluntário,
escolhem por contribuir pelo tema que já dominam, ou
por aquilo que têm consciência que é um
desafio a ser superado. Para estes que já reconheceram
seus medos e limitações, o trabalho voluntário
contribui para a evolução individual, para o
pleno exercício da cidadania e, conseqüentemente,
para a melhoria de condições de vida daquela
comunidade".
Ela aponta ainda que, em casos de atividade voluntária
que envolve situações extremadas de risco seja
por periculosidade, como nos presídios, ou em casos
de doença terminal, "nota-se emergir um processo
de reflexão e avaliação do sentido da
vida, o que contribui para o voluntário que goza de
liberdade e saúde na possibilidade de rever sua vida
e estabelecer novos rumos ainda possíveis".
Mas não são muitos aqueles que conseguem suportar
ou estão dispostos a atuar em espaços como estes.
"Normalmente, não se fala muito desse tipo de
trabalho voluntário. Mas são situações
limites em que os voluntários são necessários
e têm que segurar uma barra muito grande. As pessoas
atuam, normalmente, na área da infância e educação.
Áreas como a saúde, hospitais, terceira idade,
não são tão procuradas. Acho que os voluntários
não optam talvez também porque não existam
tantas ofertas em situações mais complexas como
as que existem para outros trabalhos. Mas os voluntários
estão mobilizados e vão com muita disposição
para ajudar", comenta Bruno Ayres, coordenador do Portal
do Voluntário, um site com conteúdos, experiências
e oportunidades de ação voluntária, que
tem, atualmente, uma média de 320.000 page views por
mês e cerca de 1730 relatos de voluntários em
seu banco de experiências.
De acordo com o Instituto Faça Parte, voluntário
é o "cidadão que doa seu tempo, trabalho
e talento, de maneira espontânea e não remunerada,
para causas de interesse social e comunitário. Basta
decidir ajudar, escolhendo uma forma de utilizar as aptidões
que cada um tem em benefício de alguma coisa ou instituição".
Mas, Joaquim Roca, em seu livro "Solidariedade e Voluntariado",
lembra que o voluntariado "tem sentido apenas, quando
se considera o horizonte da emancipação. É
preciso dar afeto a um doente terminal ou acolher uma pessoa
que luta contra a dependência química, mas isso
somente é válido se for um passo a mais na remoção
das causas da marginalidade e do sofrimento desnecessário".
"É consenso de que o voluntário é
mais beneficiado do que aquele a quem ele ajudou. O voluntariado
dá uma outra dimensão para a vida da pessoa",
aponta Bruno.
"Há até benefícios físicos
neste processo. Importantes pesquisas conduzidas por instituições
do peso da Universidade de Harvard, já comprovaram
que pessoas que desenvolvem atividades voluntárias
têm, em média, uma maior expectativa de vida,
assim como mais qualidade no viver. A explicação
fisiológica está bastante ligada ao aumento
na produção de neurotransmissores durante a
atividade voluntária, como endorfinas e a serotonina,
que são responsáveis, respectivamente, pelo
fortalecimento do sistema imunológico e pela sensação
de bem estar", aponta a psicóloga Andrea Bossan.
No entanto, ela lembra que, principalmente o voluntário
que lida com situações em que o sentimento fica
mais em enfoque, ele precisa ter em mente, desde o início,
de que irá lidar com muitos conflitos de ambos os lados.
Por isso, a organização responsável pela
atividade deve trabalhar isso, para que exista uma segurança
perante o seu trabalho. A psicóloga Elizete destaca
ainda a importância do voluntário participar
da discussão do plano de trabalho da organização,
além de uma capacitação e qualificação
para o desempenho da função, o que possibilitará
um melhor desempenho e postura adequada durante o trabalho.
"Ele precisa ter conhecimento do que se passa com ele,
para poder enxergar o contexto, e a outra pessoa que está
inserida nele. A partir daí, existe a possibilidadede
ser uma fonte de auxílio, alegria, apoio e, até
mesmo, motivação. Mas é importante reforçar
que o voluntário primeiramente precisa estar ciente
de todos os seus conflitos, trabalhando-os de uma maneira
que facilite as atividades dele com a equipe. Até porque,
ninguém pode dar o que não tem", aponta
Andrea.
Desafio em primeiro plano
Muitos voluntários, no entanto, superam estas barreiras
internas iniciais e passam a desenvolver diversas ações
positivas a fim de se doar um pouco. E não é
preciso ir do outro lado do mundo, no meio de uma grande catástrofe,
para encontrar estes voluntários. Foi assim que Roberto
Luiz Watanabe, administrador de empresas, projetista elétrico
e radialista, deu um novo rumo na sua vida. Durante muito
tempo, ele atuou no terceiro tetor, mas sempre na área
de Administração.
Em 1998, inspirado no filme "Patch Adams - O Amor é
Contagioso", sobre a atuação de um médico
que se vestia de palhaço quando atendia seus pacientes,
decidiu que era isso que tinha de fazer. Nascia assim o projeto
Doutores Cidadãos. "Era um grande desafio porque
eu odiava hospital, não visitava nem meus amigos. Mas
sabia que aquilo realmente fazia uma grande diferença
na vida daquelas pessoas. O início foi muito difícil
porque eu tinha aversão mesmo por aquele local",
conta.
Roberto, conhecido como Dr. Ispaguetti Saracura, começou
a atuar na ala infantil do Hospital Brigadeiro, em São
Paulo, mas depois de dois meses, passou a realizar o trabalho
junto aos adultos. "Eles estavam abandonados, somente
as crianças tinham essa atenção dos voluntários.
E a idéia é levar uma conversa diferente daquela
que eles ouvem todos os dias no hospital. O palhaço,
na verdade, é um grande quebra-gelo. É ele que
nos dá o alvará para trabalhar. É para
alegar tanto os pacientes, quanto os profissionais e os acompanhantes".
Durante mais de dois anos, sempre duas vezes por semana,
Roberto atuou sozinho nos hospitais, quando Felipe Mello se
tornou voluntário também, como o Dr. Raviolli
Bem-Te-Vi. Em julho de 2002, eles fundaram o Canto Cidadão,
uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil de
Interesse Público), que trabalha também com
a produção de um programa de rádio para
o terceiro setor. Hoje a entidade conta com 130 voluntários
formados e 105 ativos. Mais 49 se formarão até
fevereiro. Eles atuam em 23 hospitais e dois asilos na Grande
São Paulo. No Estado do Mato Grosso, um grupo de 12
voluntários atua em cinco hospitais públicos
de seis cidades. O governo do Estado irá transformar
esse trabalho em política pública.
Mas, ser voluntário nos hospitais, não é
tarefa fácil. Roberto conta que já teve que
lidar, diversas vezes, com a morte de pacientes. Ele se recorda
da história de José Domingos, um paciente que
tinha cerca de 30 anos, e estava com leucemia. Roberto acompanhou
o jovem durante cerca de dois anos, período em que
ele esteve internado. José gostou tanto do trabalho
dos Doutores Cidadãos que, quando se recuperou, acabou
se tornando um voluntário. Durante um ano ele atou
nos hospitais, mas, infelizmente a doença voltou e
ele acabou falecendo.
"Muitas pessoas falam que a gente não pode se
envolver com os pacientes. Acho que por isso os médicos
se tornaram tão frios. O nosso conselho para os voluntários
é:´Se envolva sim, mas não tenha o foco
na doença da pessoa, mas sim na vida dele. No que ele
tem de melhor, com a hipótese de que ele vai conseguir
sair dali´. Caso ele perca algum paciente, sugerimos
que ele se apóie nos pacientes que estão bons.
Não tem uma receita para dizer: ´Não vou
sentir nada´. Claro que vai sentir, é normal".
Mas, apesar de todas as dificuldades encontradas durante
suas visitas aos hospitais, Roberto nunca pensou em parar
com essa atividade. Ele conta que até sua visão
sobre os hospitais mudou ao longo destes anos. Antes, ele
via este espaço como um ambiente triste. Agora, consegue
perceber muita alegria também. "Afinal, se você
está doente, o hospital é o melhor lugar para
se curar. Ele é um lugar de vida. Percebi que ali é
um lugar carente de pessoas com boas intenções.
Faltam pessoas para dar essa alegria ao ambiente. Por isso
é importante atuar com os profissionais que cuidam
dos pacientes. São eles é que estão mal
cuidados. Por isso trabalhamos com amenização
hospitalar e não humanização. Afinal,
já somos seres humanos", ressalta.
Apesar da procura pelo trabalho ter aumentado - já
são cerca de 200 pessoas inscritas para o próximo
curso, em março - o índice de desistência
é de 15 a 20%. Roberto acredita que, muitos se empolgam
com a proposta, mas na hora de atuar o baque é grande.
"Você abre a porta do quarto e não sabe
o que vai encontrar lá dentro. Você tem que estar
preparado para saber que pode ser rejeitado pelo paciente.
Tudo é muito chocante", conta. "Mas esse
trabalho faz bem para todo mundo. É uma via de mão
dupla. O voluntariado é, normalmente, uma válvula
de escape, pois todos se realizam como pessoas".
Além das grades
Se para muitos a palavra presídio é sinônimo
de violência, abandono, culpa, para o jornalista e editor
da revista IstoÉ Antonio Carlos Prado, significa solidariedade,
humanidade e compreensão. Foi neste espaço,
que carrega diversos preconceitos da sociedade, onde há
11 anos, o jornalista resolveu se tornar um voluntário.
A escolha veio em 1993, após realizar uma reportagem
na Penitenciária Feminina da Capital. Foi ali que ele
encontrou a "sua personagem" de um filme chamado
"Quero Viver", um clássico do cinema, que
retrata a história verídica de uma garota de
programa americana, chamada Barbara Graham (interpretada por
Susan Hayward) acusada de homicídio e levada à
câmara de gás.
"Esse filme me acompanhou desde a infância e
tirou um pouco até da minha alegria. Por isso sou completamente
contra a pena de morte. Quando cheguei na penitenciária
foi uma emoção muito boa. Percebi que aquelas
eram as Barbaras e eu queria fazer algo. Não há
voluntários no sistema penitenciário feminino.
Somente grupos religiosos", conta.
Sozinho, Prado passou a visitar esta penitenciária
e mais outras três, praticamente todos os dias. Mônica
foi a garota com a qual o jornalista conversou no seu primeiro
dia de visita. Ele se recorda que, na ocasião, com
papel e caderno na mão, acabou dizendo diversas bobagens,
que irritaram Mônica. "Ela pediu para o guarda
abrir a cela para mim porque a visita tinha acabado. Eu saí
muito bravo comigo mesmo, me achando um babaca. A grade se
fechou atrás de mim. Mas, dois dias depois, lá
estava eu de novo".
Aos poucos, Prado ganhou a confiança das presidiárias,
ouvindo mais do que falando, respeitando os interesses de
cada uma delas, além de ser afetivo. "É
realmente um outro mundo. Mas eu me sinto muito à vontade
com elas. É como se fosse a minha casa", conta.
As idéias para atividades foram surgindo neste bate-papo.
Prado define sua atuação como um apoio terapêutico
ligado à área de saúde e cultura. Eles
discutem sobre filmes, livros, textos e produzem redações.
Durante um ano, Prado organizou ainda um jornal, mas, por
falta de verba, já que era ele mesmo que tinha de investir
na produção, o veículo não pode
mais circular.
Música também é o que não falta
nas atividades. "Como elas não podem ter CD dentro
da penitenciária, eu vou montando uma coleção
e elas ficam com o encarte. Tenho uma coleção
enorme de músicas que nunca imaginei, como RAP, por
exemplo. Elas me ensinaram a gostar disso também",
conta o jornalista. Ele ressalta que tudo isso é feito
com muita conversa e contato direto, já que é
o que realmente elas precisam. Prado acredita que o simples
fato de não ser policial, juiz, promotor ou até
um familiar, já abre as portas.
"Elas confiam porque eu não estou lá
para julgar, moralizar. Eu sou o melhor amigo, confidente.
Há ainda um preconceito muito grande, principalmente
com as mulheres. A sociedade é machista em dizer que
mãos delicadas não podem matar. É preciso
sim olhar de frente e tratá-las dentro de suas especificidades
femininas", acredita.
A atuação de Prado é, principalmente,
junto às mulheres com transtornos sociais, as homicidas,
por exemplo, pois são as mais esquecidas nestes espaços.
Ele ressalta que, durante muitos anos, um pensamento comum
era: "joga na cela e joga a chave fora". Para ele,
é preciso, no entanto, olhar essas mulheres como elas
são. "É possível sim trabalhar afeto.
O que eu faço, no entanto, é tentar mostrar
que o comportamento delas é auto-desvantajoso, mesmo
que num primeiro momento, possa parecer o contrário.
Elas são assim não por opção de
vida".
Apesar de estar com o seu "emocional tranqüilo",
garante o jornalista, ele já se deparou com diversas
histórias de violência, sofrimento e falta de
esperança, que, segundo ele, ficarão guardadas
com ele. Algumas dessas experiências estão reunidas
no livro "Cela Forte Mulher" (Ed. Labortexto) escrito
por Prado. Ele se recorda de alguns momentos tristes que o
acompanharam nestes 11 anos, como uma briga entre quadrilhas
na penitenciária, em 2000, em que uma presidiária
teve o corpo todo queimado por outra.
Ele passou a virada para o próximo ano na enfermaria,
ao lado da garota. Na ocasião, Prado ficou preocupado
em saber como as "rivais" iriam se comportar com
ele e, para sua surpresa, a reação foi bem diferente
da que imaginava. "Quando eu passei no corredor o silêncio
foi total. Elas me disseram que o silêncio era de vergonha
porque elas sabiam que se tivesse sido uma delas eu teria
cuidado da mesma forma", conta. "Fico triste também
quando uma delas é colocada em liberdade e é
morta ou então volta paralítica porque trocou
tiro na rua".
Mas há também histórias de alegria
e recuperação, quando, por exemplo, há
um reencontro com a família ou elas estão em
liberdade. "Há uma garota, que tinha HIV, que
ficou presa durante 18 anos e eu a acompanhei durante muito
tempo. Hoje, ela está morando no interior, casada também
com um soropositivo, abriu dois salões de beleza e
me manda o exame sempre para contar que a doença está
estabilizada".
Prado já acompanhou também situações
de muita tensão dentro dos presídios, como rebeliões.
Foram cerca de seis. Em uma delas ele estava lá no
momento que eclodiu. Em outros casos, foi avisado sobre o
que estava acontecendo e foi até o local acompanhar.
Ele explica que a sua função, nessas condições,
é tentar fazer com que elas não se machuquem
ainda mais. "Não tem muito o que dizer. É
preciso esperar o efeito da droga baixar, pois em rebeliões
elas estão muito sob o efeito do éter, acetona.
Tem que ter calma e ir contornando a situação".
Apesar disso, Prado garante que nunca sentiu medo nas penitenciárias.
Uma vez, chegou até a cochilar dentro de uma cela.
Ele afirma que o trabalho é tão apaixonante
que aprende muito com elas. Segundo o jornalista, essas mulheres
passaram a ser até fiscais da sua ética. "Elas
me fazem melhores e talvez não tenham a noção
do quanto me ensinam", aponta. Mas, essa dedicação
total ao trabalho voluntário - ele visita pelo menos
uma penitenciária por dia, mesmo em fins de semana,
feriados, festas de final de ano - não é muito
bem vista por alguns.
Desde o inicio, ele houve comentários que considera
"maldosos" ou dizendo que ele faz isso como se fosse
uma obrigação. "Bom, tem gente que gosta
de ir jogar tênis, futebol. Eu gosto de me levar para
a cadeia. Eu ficaria triste se não fosse. Eu ganho
muito nisso", se diverte. Até mesmo, dentro das
penitenciárias, o tratamento foi mudando. No início,
os guardas diziam: "Você veio cuidar dessas vagabundas?".
Hoje, a história é diferente. "Amanhã
você vem de novo?". Ele acredita que isso só
foi possível graças ao seu comportamento. "O
melhor jeito de cuidar delas é não ter nenhum
deslize. Por isso, até hoje, sou revistado todas às
vezes. Eu prefiro assim".
Com essa experiência e o envolvimento com as presidiárias,
o jornalista aponta também mudanças necessárias
no modo como essas mulheres ainda são tratadas no sistema.
Ele acredita que as penas aplicadas deveriam ser mais qualitativas
do que quantitativas, ou seja, de acordo com o comportamento
e opções apresentadas pelas presidiárias.
Ele cita como exemplo Karla, que cumpre 26 anos e 6 meses
de sentença, e Mônica, 36 anos de sentença,
que estariam prontas para a liberdade, pois têm ótima
conduta, proposta de empregos, família restituída,
mas ainda devem cumprir penas longas.
Ele aponta ainda como necessária a presença
de mais voluntários no sistema, principalmente profissionais
da área da saúde, como ginecologistas, dermatologistas
e dentistas, para tratamentos adequados para as mulheres.
"Elas precisam ser valorizadas".
DANIELE PRÓSPERO
do site setor3
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