A arrecadação
de impostos e contribuições federais bateu novo
recorde em janeiro, alcançando R$ 31,990 bilhões.
O volume não só representa o melhor resultado
para janeiro como é o segundo maior valor mensal arrecadado
na história da Receita Federal.
Só em dezembro a arrecadação mensal,
de R$ 32,809 bilhões em valores atuais, foi superior
aos números registrados em janeiro. Na comparação
entre esses dois meses, houve queda real (descontada a inflação)
de 2,5% na receita. Em relação a janeiro de
2004, no entanto, a arrecadação registrou aumento
real de 5,73%.
O secretário-adjunto da Receita Ricardo Pinheiro atribuiu
o recorde ao desempenho da economia. "As empresas em
dezembro do ano passado tiveram lucros maiores, e isso reflete
na arrecadação de janeiro", disse. O comércio,
exemplifica, comemorou um aumento de vendas de 9%.
Questionado se o bom desempenho em janeiro não tornaria
mais difícil a defesa da polêmica medida provisória
232 que elevou tributos, respondeu: "O bom resultado
da arrecadação está bem em cima do que
precisamos. Vai ser muito apertado neste ano. Pior do que
no ano passado". Em 2004, a arrecadação
de tributos federais foi de R$ 333,577 bilhões em valores
corrigidos pelo IPCA.
A medida provisória 232 eleva a carga tributária
para empresas prestadoras de serviço. Pinheiro afirmou
ainda que, como neste ano não haverá a "folga"
necessária para cobrir os gastos planejados, deverá
ser necessário um corte no Orçamento -medida
que deve ser anunciada amanhã.
Crescimento
Entre os principais impostos que apresentaram aumento de arrecadação
em janeiro está o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).
No caso do IPI-Outros -setores variados, exceto automóveis,
fumo, bebidas e vinculado à importação-,
houve aumento real de 92,39% em relação a janeiro
do ano passado.
A Receita justifica o crescimento expressivo à arrecadação
atípica decorrente de uma multa aplicada a uma empresa
no valor de R$ 137 milhões. Além disso, houve
mudança na sistemática de cobrança do
imposto.
Já a receita da Cofins (Contribuição
para o Financiamento da Seguridade Social) cresceu 22,67%
na comparação com janeiro de 2004. Segundo Pinheiro,
o principal efeito disso foi o início da tributação
dos produtos importados a partir de maio.
"Se for expurgado o efeito legislação,
ou seja, a tributação dos importados, a ampliação
da base e os critérios de compensação,
na verdade, houve queda de 1,87%", afirmou. Em uma segunda
análise, considerando o giro no estoque das empresas
que importam produtos, Pinheiro avalia que pode ter havido
um crescimento na receita da Cofins de 6%.
A CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido)
também teve um aumento de arrecadação
em janeiro. Se comparado ao resultado do mesmo mês de
2004, o crescimento real foi de 10,94%.
O dado reflete o faturamento das empresas em dezembro. Os
setores que mais contribuíram para a alta foram o de
extração de minerais metálicos e os correios.
Pinheiro admitiu que a sociedade tem razão ao reclamar
da carga tributária. "Mas tem o dever cívico
de colaborar", disse. Ponderou ainda que a redução
da carga como forma de ampliar a base de contribuintes e combater
a sonegação é questionável.
JULIANNA SOFIA
da Folha de S. Paulo
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