Tudo conspira
a favor da democratização do acesso aos livros
no Brasil. De todos os lados, governo, mercado e sociedade
civil unem-se para elevar o índice de leitura brasileiro,
hoje no mísero 1,8 livro por habitante/ano, ante os
2,7 da Colômbia e os 7 da França. No Ano Ibero-Americano
da Leitura - chamado aqui de Vivaleitura, e que é realizado
em 21 países da Europa e Américas -, até
a MTV fala em tom imperativo ao telespectador: "Vá
ler um livro!"
Hoje, o Ministério da Cultura promove hoje uma videoconferência
que reúne especialistas e representantes do governo,
setor livreiro e sociedade. Na pauta, a proposta de criação
da Câmara Setorial do Livro e Leitura, que será
discutida em dez capitais do País, das 9 às
12 horas. "Depois de estudos dentro do Programa Fome
de Livro, percebemos que para resolver o problema do baixo
índice de leitura no País precisamos de uma
política pública ampla, que ataque várias
questões relacionadas ao tema", explica o coordenador
do Fome de Livro e do Plano Nacional do Livro e Leitura, Galeno
Amorim.
A parir de hoje, o Estado publica uma série de reportagens
sobre as diversas ações de incentivo à
leitura.
Com o Plano Nacional do Livro e Leitura, o MinC pretende
aumentar em 50% o índice de leitura no País.
Por meio do Fome de Livro promete instalar mil bibliotecas
em municípios onde não haja nenhuma - a rede
oficial do País tem hoje 5 mil unidades. São
14 milhões de brasileiros vivendo em cidades onde não
há uma biblioteca sequer.
O setor de produção receberá atenção
especial. Apesar de movimentar R$ 3,2 bilhões por ano,
as editoras de livros brasileiras estão em situação
desconfortável: em oito anos, o mercado brasileiro
de livros encolheu 48%. "O mercado de livros passa por
momentos de crise quando o País está em crise.
Não temos os números consolidados ainda, mais
o ano passado foi um ano bom", antecipa o vice-presidente
da Câmara Brasileira do Livro, Marino Lobello. "Existe
uma realidade difícil na qual o livro não ocupa
um papel fundamental na nossa cultura e economia."
Segundo Lobello, os editores estão otimistas com relação
às medidas que vêm sendo tomadas pelo governo.
A desoneração total da produção
de livros no País, decretada no fim do ano passado,
é uma das grandes conquistas. "Esta gestão
tem feito grandes mudanças no panorama editorial brasileiro",
opina. "E a principal delas é a Câmara Setorial
do Livro e Leitura. Está sendo feito um movimento único
no Brasil de organização do setor."
Em contrapartida à desoneração, as editoras
se comprometeram a repassar 1% do seu faturamento para um
Fundo Pró-Leitura. Os cerca de R$ 40 milhões
arrecadados serão usados para o incentivo à
leitura, com campanhas publicitárias e capacitação
de professores, por exemplo. "Com isso, vamos quintuplicar
o mercado em dez anos, com certeza. E formando mais leitores,
a nossa tiragem média (hoje de 2 mil exemplares) aumentar
e o preço, cair exponencialmente."
PATRÍCIA VILLALBA
do O Estado de S. Paulo
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