RIO DE
JANEIRO (RJ)- Universitários de baixa renda de cinco
instituições federais vão participar
de um projeto piloto do Ministério da Educação,
o Conexões de Saberes, que dará bolsas de extensão
a alunos que moram em favelas e periferias.
O objetivo é estimular a troca de experiências
entre a academia e as comunidades onde residem. Espera-se,
com isso, promover a produção de trabalhos científicos
relacionados às favelas e periferias e auxiliar na
adaptação dos alunos dentro do novo ambiente
de estudo.
"Há um grande autoritarismo da universidade em
relação aos espaços populares. É
necessário promover uma troca, pois a interação
entre os dois universos é fundamental para a elaboração
de políticas públicas. Precisamos saber quais
são, na verdade, as demandas e a lógica de cada
comunidade", observa o geógrafo Jailson de Souza,
coordenador nacional do Conexões de Saberes, acrescentando
que, para este ano, estão garantidos R$ 3 milhões
para o projeto.
"A idéia é adotá-lo em todas as
federais", adianta.
Além de buscar subverter a forma de concepção
de programas governamentais, geralmente baseada no "de
fora para dentro", segundo Jailson, a iniciativa seria
uma maneira de preparar a universidade para receber estudantes
que, até então, participavam de um sistema de
ensino menos eficiente.
"É inevitável que, com a universalização
do acesso à universidade, o ensino foi precarizado.
Precisamos criar condições de permanência,
considerando a especificidade dos alunos", diz, ressaltando
que é preciso também fazer com que os laços
de origem sejam mantidos. "A referência com a comunidade
não pode ser perdida. Não há razão
para ter vergonha".
Na primeira fase do projeto, que inicia em março,
serão selecionados 125 estudantes, sendo 25 de cada
uma das cinco instituições participantes: Universidade
Federal Fluminense e as federais do Rio, de Pernambuco, de
Minas e do Pará.
Após uma entrevista e uma prova de redação,
os escolhidos receberão uma bolsa de iniciação
científica no valor R$ 241,50 e o acompanhamento de
um professor e dois alunos de pós-graduação,
que irão orientá-los na elaboração
de trabalhos.
Inclusão social
De acordo com o pró-reitor de Extensão da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Marco Antônio França,
o projeto é uma forma de inclusão social.
"Os estudantes vão receber conhecimentos extras,
que vão além do curso de graduação,
e participarão ativamente dentro da comunidade onde
moram, realizando, por exemplo, cursos de pré-vestibular
e de reforço. Esta é a melhor maneira de recuperar
o ensino público, ou seja, promover a inclusão",
destaca ele, que evitar comentar a política de cotas.
Diretora da Divisão de Programas e Projetos da UFRJ,
Ana Inês explica que o único pré-requisito
para participar da seleção é ser morador
de comunidade de baixa renda.
No entanto, no caso da instituição, será
dada prioridade para estudantes de duas regiões do
Rio, o complexo Alemão e do Caju, ambas na zona norte.
"São áreas muito carentes e também
próximas daqui", justifica, acrescentando que
uma das primeiras atividades do grupo será a realização
de um levantamento sobre o número e o perfil dos alunos
carentes da UFRJ.
As informações são
da Agência Estado.
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