Erika Vieira
De um lado a “Geração Rave”, do
outro o grupo “Filhos do Hell’s club” é
assim que são classificados os integrantes que participaram
da
pesquisa sobre o consumo de ectasy, realizada pelo psicólogo
Murilo Battisti da Universidade Federal de São Paulo
(Unifesp).
Durante cinco anos (de 2001 a 2006) ele acompanhou 32 usuários
de ecstasy, dos quais fez uma separação entre
dois grupos. Um composto, em sua maioria, por universitários
que faz uso da droga quando estão em baladas de música
eletrônica, sendo chamados de “Geração
Rave”. Já os “Filhos do Hell’s club”-
Hell’s club marco da cena eletrônica na cidade
de São Paulo - são pessoas mais velhas, que
começaram o consumo entre o final da década
de 80 e início de 90.
O constatado foi que depois de um
período os universitários tendem a reduzir o
uso da substância. A mudança de comportamento
se dá em função da alteração
do estilo de vida desses jovens. Iniciam a vida profissional,
enfrentam as responsabilidades da vida adulta e a perdem do
caráter de novidade da droga. A pesquisa diz que “há
especulação que o abandono no uso de ecstasy
tenha sido parte de um processo de amadurecimento dos indivíduos
em questão.” Enquanto que os “Filhos do
Hell’s club” diminuem o uso de maneira menos significativa.
Battisti coloca o consumo de ecstasy
como sendo um elemento ligado a cultura da música eletrônica,
intensificando ou diminuindo na medida em que o sujeito se
aproxima ou se afasta desse contexto. De acordo com dados
da Polícia Federal, no Brasil esse consumo aumentou
1.713% no ano passado. Em 2006 foram apreendidos 12 mil comprimidos,
pulando para 211 mil unidades em 2007.
Muitos usuários têm um
conhecimento superficial sobre os efeitos. “Nunca vi
ninguém viciado em ecstasy”, fala um participante
do estudo do psicólogo da Unifesp. Essa frase é
um reflexo da maior parte dos entrevistados mencionarem acreditar
que o ecstasy é uma droga mais segura que as demais.
Eles também contam que se informam sobre as conseqüências
que essa substância traz para a saúde por meio
da internet.
Sendo a internet a fonte de consulta
desse público, a coordenadora do projeto Baladaboa
– Redução de Danos para o uso de escstasy,
Stella Pereira de Almeida, organizou uma pesquisa online com
1.140 usuários. O intuito era levantar elementos para
ajudar na elaboração de uma intervenção
preventiva ao consumo do entorpecente.
Os resultados preliminares da
pesquisa mostram 69,2% dos usuários afirmando que:
“As informações veiculadas pelo projeto
Baladaboa causaram ou iriam causar alguma mudança em
seu comportamento relativamente ao uso de ecstasy.”
Os resultados são preliminares porque o projeto está
interrompido desde março de 2007 em função
da Fapesp ter suspendido a verba, depois que o Baladaboa foi
apontado por alguns veículos de imprensa como instrumento
de apologia ao uso da droga.
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