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Logo após a estréia, haverá debate com
Muricy Ramalho, Roberto Avallone, Pepe, entre outras personalidades
ligadas ao esporte
Heitor Augusto
Durante o século XX, São
Paulo protagonizou e assistiu transformações
na cidade e também no país. A Política
do café-com-leite, Semana de 22, Revolução
Constitucionalista, criação da Faculdade de
Direito do Largo São Francisco, industrialização,
confronto dos estudantes do Mackenzie com os da USP, abertura
política e PCC.
Por meio do futebol, a comédia
musical “Nos Campos de Piratininga – Histórias
de futebol na cidade de São Paulo”, que estréia
na próxima segunda (18), vai traçar paralelos
entre a história do município e as mudanças
sofridas pelo esporte – que abandonou o espetáculo
para adentrar a profissionalização dos negócios.
O espetáculo se inicia com
a chegada do inglês Charles Miller, em 1894, que trouxe
o futebol para o País, segundo a historiografia tradicional.
O acontecimento coincidiu com o momento de expansão
da cidade.
O primeiro jogo oficial, ocorrido
no ano seguinte, é encenado. “A gente também
encenou o surgimento dos três principais times, Corinthians,
Palmeiras e São Paulo”, conta Graça Berman,
pesquisadora, atriz, produtora e uma das autoras do texto.
O primeiro ato, ao mesmo que acompanha
o crescimento da identificação dos pobres com
o Corinthians, dos italianos com o Palestra Itália
(hoje Palmeiras) e dos ricos com o São Paulo da Floresta
(hoje São Paulo FC), aborda a 1ª Guerra Mundial,
as greves anarquistas, gripe espanhola, Semana de Arte Moderna,
movimento tenentista e a Revolução Constitucionalista
de 32.
Do Estado Novo a ida precoce
ao exterior
As contradições do Estado Novo estão
presentes no espetáculo. Uma delas é a perseguição
a estrangeiros, que obrigou, entre outros fatos, o Palestra
Itália a trocar de nome, tornando-se Palmeiras. “E
peça não é politicamente correta, pois
o policial da época do Estado Novo é negro,
racista e corinthiano”, conta Graça.
Para preservar a linguagem teatral
e não se transformar em um tratado político
sobre a história de São Paulo, o espetáculo
resume a trajetória e se concentra em símbolos,
como o fim do Estado Novo, conquista do Palmeiras do Mundial
Interclubes de 1951 (que não é reconhecido pela
Fifa), inauguração do estádio Morumbi,
a repressão e a abertura da ditadura militar.
“O eixo de narração
é a história de três mulheres, que representam
os três times. Elas se complementam, assim como Corinthians,
Palmeiras e São Paulo”, afirma Graça.
Um dos fatos recentes presentes no espetáculo é
o tráfico de jogadores, símbolo da ida cada
vez mais precoce ao exterior.
Um ano de pesquisa
Graça Berman conta que foi necessário um ano
de pesquisa para escrever e montar “Nos Campos de Piratininga”.
Além de busca em livros e na internet, teve consultoria
de três especialistas nos principais times paulistanos.
O elenco da comédia é
formado por 13 atores e conseguiu financiamento de R$ 130
mil do PAC (Programa de Aça Cultural), do estado. “Hoje
eu vejo o futebol como espetáculo cênico. Tem
elementos do balé, tem desafio de limites, emociona.
Tem uma força cênica emocional”, avalia
Graça.
Debates após as sessões
Após cada espetáculo, haverá um debate
com ex-jogadores e jornalistas. Entre os nomes confirmados
para os dois primeiros dias estão Muricy Ramalho (atual
técnico do São Paulo), Zetti (ex-goleiro do
São Paulo e Santos), Oberdan Cattani (maior goleiro
da história do Palmeiras), Pepe (que formou o quarteto
atacante mais famoso do Santos, com Dorval, Coutinho e Pelé).
Serviço
“Nos Campos de Piratininga –
Histórias de futebol na cidade de São Paulo”
Direção: Imara Reis / Texto: Renata Pallottini
e Graça Berman
De 18 de fevereiro a 29 de abril
Segundas e terças-feiras, às 20h
Teatro Maria Della Costa
Rua Paim, 72 – Bela Vista (entre a avenida Nove de Julho
e a rua Frei Caneca)
(11) 3256 9115
Inteira: R$ 20 (meia – R$ 10)
Debates após as sessões:
Dia 18 de fevereiro – 2ª
feira
Jornalista: Roberto Avallone
Boleiros: Mário Travaglini, Muricy Ramalho, Pepe e
Valdir Joaquim de Moraes
Dia 19 de fevereiro –
3ª feira
Jornalista: Marília Ruinz
Boleiros: Ado, Oberdan Cattani e Zetti
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