Foram
entrevistados jovens de seis países, de jovens cortadores
de cana a integrantes dos movimentos hip hop
Heitor Augusto
Educação pública
e de qualidade, que trabalhe com programas a longo prazo e
dê conta de aproximar conhecimento e qualificação
profissional. Esta é a principal demanda dos jovens
sul-americanos, afirma o estudo “Juventude e Integração
Sul-americana”.
Realizada pelo Ibase (Instituto Brasileiro
de Análises Sociais e Econômicas) e Pólis
(Instituto de Estudos, Formação e Assessoria
em Políticas Sociais), a pesquisa entrevistou 960 pessoas
de seis países: Brasil, Argentina, Chile, Bolívia,
Paraguai e Uruguai.
Uma das recomendações
dos pesquisadores em relação à educação
é adaptar a escola às necessidades de cada grupo.
“Maior flexibilidade nas grades curriculares e nos horários
para atender diferentes situações de trabalho
e condições de vida.” A maioria das entrevistas
foi realizada com jovens de organizações e movimentos
juvenis.
O perfil dos entrevistados é
diversificado: da Argentina, há opiniões de
filhos de desaparecidos políticos da ditadura militar
e jovens beneficiários de projetos sociais. Já
na Bolívia, uma das contribuições veio
das jovens empregadas domésticas. Pelo Brasil, foram
entrevistados migrantes do corte da cana, estudantes urbanos
e trabalhadores do setor de telemarketing. Estudantes secundaristas
representaram um dos grupos vindos do Chile. Pelo Paraguai,
falam jovens camponeses em região de crescimento da
monocultura da soja e do Uruguai foram entrevistados representantes
do movimento pela libertação da maconha.
Trabalho é a segunda
preocupação
Trabalho é a segunda demanda dos jovens de acordo com
o estudo “Juventude e Integração Sul-americana”.
Além de emprego, eles se preocupam com a qualidade
e riscos a saúde da atividade exercida. “A demanda
focalizada pelos jovens não é simplesmente por
trabalho, mas, sobretudo, por um ‘trabalho decente’,
colocando como pontos básicos para se discutir a remuneração,
a estabilidade e os níveis e graus de informalidade”,
afirma a pesquisa.
O transporte é a terceira preocupação
dos grupos pesquisados. Os jovens entendem o transporte como
objeto que proporciona a locomoção a aparatos
culturais e acesso aos estudos. Destacam-se os movimentos
pelo passe livre, com tradição no Chile (responsáveis
pela Revolta de los Pingüinos, em 2006) e no Brasil.
Entre as recomendações
para o setor está a necessidade de “desenvolver
a consciência de que mobilidade é resultado de
política pública.
Culturas locais
Por causa dos diferentes traços culturais dos seis
países pesquisados, há a necessidade de políticas
públicas específicas. No Paraguai, por exemplo,
há a exclusão do índio. “Entre
os jovens agricultores da Asagrapa (Associação
de Agricultores do Alto Paraná, Paraguai), existe a
demanda de maior integração da cultura local
(guarani) com o sistema escolar”, afirma o estudo.
Atividades culturais para mobilizar
os jovens são estratégias utilizadas por setores
como os trabalhadores em telemarketing. Segundo a pesquisa,
“no Brasil, o Sintrael (sindicato), que reúne
jovens que trabalham com telemarketing, promove as ‘assembléias-baladas’.
A organização de atividades culturais e esportivas
pelo sindicato é uma das primeiras marcas da ‘juvenalização’
de sua diretoria.”
Em seguida, os jovens têm como
demanda a segurança. Eles consideram o “antídoto
para a violência o fortalecimento e a valorização
de sua identidade cultural e sua produção cultural.”
A ecologia é a última demanda da juventude sul-americana.
Migrar da noção de “educação
ambiental” para “espaço de trocas de saberes
e de experiências” é uma das recomendações
do estudo.”
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