Heitor
Augusto
Sambistas novos e da velha guarda ao lado de rappers que fazem,
por meio da música, seu protesto ecoar em vários
pontos da cidade. Tudo isso ocupando o espaço público,
possibilitando o acesso de todos. Essa é a idéia
do Bairro Musical, projeto da ONG
Eletrocooperativa.
Serão quatro eventos em praças de São
Paulo. A primeira apresentação, no dia 6 de
outubro, será na rua onde está localizado o
Centro de Integração e Cidadania do Jaçanã.
Logo em seguida, haverá outra na Vila Madalena, já
as outras duas atrações ainda não estão
agendadas.
O evento será inaugurado com atrações
para as crianças, trazendo elementos lúdicos.
É o Baile Eletroerê: “Queremos juntar crianças
se divertindo, muita pipoca e balas. Além disso, vai
haver cantigas de roda tradicionais, mas com novos sons e
linguagens”, explica Reinaldo Pamponet, diretor da Eletrocooperativa.
Dá até para imaginar as crianças cantando
“o sapo não lava o pé/não lava
porque não quer” na batida do rap.
Em seguida, o som rola solto no “Microfone Aberto”.
Artistas da cidade que geralmente não têm espaço
para tocar são convidados a mostrar suas músicas.
Todas as apresentações serão filmadas
e o material repassado posteriormente para os próprios
músicos. Assim, poderão divulgar seu trabalho
usando várias mídias, como a internet.
Dentro da mistura de ritmos proposta pelo Bairro Musical,
há um fator essencial: identificação
com as raízes musicais da região. “Queremos
provocar São Paulo em relação às
suas raízes. Mudar a imagem de que São Paulo
só tem barulho, é feia, é o túmulo
do samba”, afirma Reinaldo, soteropolitano radicado
na capital paulistana há mais de 13 anos, mas que criou
a ONG ainda em Salvador. “A Eletrocooperativa tem o
compromisso com o genuíno de cada lugar”, complementa.
Música e tecnologia
A ONG trabalha com jovens desde 2003, sempre utilizando a
música, a tecnologia e a arte digital como ferramentas
para a educação. A chegada em São Paulo
ocorreu no início deste mês. Segundo Reinaldo,
as bandas que irão se apresentar ainda não foram
escolhidas.
O Bairro Musical recebeu financiamento do projeto Natura
Musical. Serão investidos, por meio de leis de incentivo
do Programa de Ação Cultural do Estado, R$ 830
mil em outras três iniciativas culturais da cidade:
Samba da Vela, encontro de Hamilton de Holanda e Yamandu Costa
e projeto Raízes, além do Bairro Musical. |