Com
a expectativa de fazer a maior de suas edições,
Porto Alegre inicia hoje o Fórum Social Mundial, principal
evento de contraposição ao Fórum Econômico
Mundial de Davos (Suíça).
Mais de 2.000 atividades propostas por 5.700 organizações
estão programadas para ocorrer em 203 salas e auditórios
para debates.
Outras 295 tendas abrigarão praças de alimentação,
palcos, centros de apoio, postos de saúde e estandes
de organizações. Tudo isso distribuído
em quatro quilômetros na orla do rio Guaíba,
no centro da cidade.
"Estamos diante de um inequívoco sucesso do ponto
de vista dos objetivos do fórum. Seu processo vem ganhando
em densidade e aumentando cada vez mais sua dimensão
internacional. A organização da quinta edição
mostra isso", disse Jorge Durão, diretor da Abong
(Associação Brasileira de Organizações
Não-Governamentais), que integra o comitê organizador.
Doze espaços temáticos estão distribuídos
na orla. Em cada um deles, haverá os debates específicos
de suas áreas: Pensamento Autônomo; Diversidades,
Pluralidades e Identidades; Arte e Criação:
Culturas de Resistência; Comunicação;
Bens Comuns da Terra; Lutas Sociais e Alternativas; Paz e
Desmilitarização; Ordem Democrática Internacional;
Economias Soberanas; e Direitos Humanos e Ética, Cosmovisões.
Mudanças
Como em todo ano, mudanças operacionais foram
feitas pelos organizadores. Uma delas foi a alteração
na metodologia de trabalho do fórum.
"Fizemos um processo de consulta muito anterior às
organizações e as pessoas se registraram para
o evento antes. Isso permitiu um processo de aglutinação
entre elas maior, que resultou em maior integração
do fórum", disse Sérgio Haddad, diretor
de Relações Internacionais da Abong.
Além disso, houve um processo de descentralização
do fórum. "Foi o primeiro fórum em que
o Conselho Internacional, o Conselho Brasileiro e a secretaria-geral
não participaram da organização dos eventos,
que passaram a ter uma auto-gestão. Não convidamos
ninguém a participar, só providenciamos o espaço",
diz Haddad.
Com a organização do evento nas mãos
dos movimentos sociais, representantes do Conselho Organizador
afirmam que foi possível criar um espaço maior
de encontros e articulações entre as instituições
presentes, antes mesmo do início do fórum.
Haddad menciona ainda uma terceira alteração
que considera importante: a ida das atividades para a orla
do rio Guaíba. "Saímos da PUC-RS e viemos
para o coração da cidade. Isso permitiu maior
participação da comunidade local."
Destaques
Entre os destaques políticos do fórum,
estão o presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
que estará amanhã na cidade para o lançamento
da campanha "Chamada Global para a Ação
contra a Pobreza", e o presidente da Venezuela, Hugo
Chávez, que no domingo vai a um assentamento do MST
(Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) a cerca de
100 km de Porto Alegre e participa à tarde de um evento.
Com Lula, virão oito ministros que terão atividades
até este sábado: Nilmário Miranda (Secretaria
Especial dos Direitos Humanos), Jacques Wagner (Conselho de
Desenvolvimento Econômico e Social), Miguel Rossetto
(Desenvolvimento Agrário), Patrus Ananias (Desenvolvimento
Social), Olívio Dutra (Cidades), Gilberto Gil (Cultura),
Nilcéa Freire (Secretaria Especial de Políticas
para as Mulheres) e Marina Silva (Meio Ambiente).
Como em todas as edições, intelectuais de diversos
países também estarão no Fórum
Social, como o escritor português José Saramago,
o sociólogo português Boaventura de Souza Santos,
o teólogo brasileiro Leonardo Boff, o filósofo
espanhol Manuel Castells, o sociólogo Emir Sader e
o escritor uruguaio Eduardo Galeano.
CAIO JUNQUEIRA
da Folha Online
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