O governo
federal pretende anunciar nos próximos dias um projeto
de bolsa para permanência no curso superior de alunos
carentes selecionados no Prouni. O Programa Universidade para
Todos concede bolsas integrais e parciais (50% da mensalidade)
a estudantes com renda familiar per capita de até três
salários mínimos em cursos particulares.
A novidade foi divulgada ontem pelo ministro da Educação,
Tarso Genro, que apresentou o balanço da última
fase de seleção do Prouni. Após três
etapas de inscrição, sobraram 4.939 bolsas das
cerca de 112 mil oferecidas. A metade das vagas remanescentes
é de cursos de licenciatura, seguido de administração
e de tecnologia.
Segundo o secretário-executivo do MEC, Fernando Haddad,
há compreensão no governo de que será
necessária ajuda financeira para alunos do Prouni com
renda familiar per capita inferior a um salário mínimo
e meio para que eles se mantenham no curso.
São duas propostas em estudo, ambas prevendo uma "bolsa-permanência"
de um salário mínimo para cada beneficiado.
Uma delas visa atender a 4.000 bolsistas selecionados no Prouni
para cursos integrais (em dois turnos), como medicina. Nesse
caso, o custo seria de R$ 15 milhões ao ano. A outra
é atender a alunos do Prouni e de universidades públicas
federais matriculados em cursos com apenas um turno. Para
isso, o governo precisaria de R$ 100 milhões anuais.
Um dos pontos a serem definidos é a origem do recurso.
O MEC sugere como fonte as loterias federais, ou seja, haveria
concursos com extração exclusiva para a educação.
Outra alternativa seria utilizar verba do próprio Tesouro.
"Nossa preocupação maior é com os
alunos de cursos integrais. Detectamos que muitos deles estão
trabalhando", afirmou Haddad.
Para os 40.400 estudantes beneficiados com bolsas parciais
no Prouni, o governo já definiu que todos terão
direito, se quiserem, ao Fies (financiamento do ensino superior).
Com isso, pagam 25% da mensalidade, e os outros 25% quitam
depois de se formarem. O MEC prevê atender a 70 mil
alunos no Fies neste ano.
Sobra
Das 4.939 bolsas remanescentes do Prouni, 302 são destinadas
a alunos afrodescendentes e indígenas. A maior parte
delas (2.837) está concentrada em 20 municípios,
sendo seis capitais (Macapá, Belém, Curitiba,
Natal, Porto Velho e Palmas). No total, o Prouni oferece vagas
em 658 cidades.
Como a metade das bolsas que sobraram é de cursos de
licenciatura, o ministério vai fazer parceria com as
prefeituras para que professores da rede pública de
ensino básico possam preencher essas vagas. Em relação
aos outros cursos, haverá negociação
com as instituições de ensino.
LUCIANA CONSTANTINO
da Folha de S. Paulo
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